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Reportagem: Agonir e Congreed @ Metalpoint, Porto - 08/01/2020


Se ainda há rock ou metal verdadeiramente underground, com toda a facilidade de promoção online atual, as bandas agendadas para atuar dia 8 de janeiro, no Metalpoint, são exemplos disso. Talvez os mais aficionados fãs de crust e d-beat conheçam de facto estes coletivos, mas não me pareceu ser o caso das 15 ou 20 almas que saíram de casa para atender ao espetáculo.

De acordo com a sua página de Facebook os alemães Congreed são a reencarnação duma banda chamada Hellborn Messiah formada após a morte do vocalista original. Hoje o coletivo é composto por quatro elementos e todos dividem as vocalizações. Têm em carteira um álbum de originais editado em 2015 “godcifer” e um Split editado em 2018 e misturam crustpunk e grind. A banda iniciou hostilidades já passavam das 22 horas. A boa disposição e atitude do baterista e principal vocalista, mesmo a tocar em frente a tão pouca gente, marcou de forma positiva a atuação e compensou a postura mais discreta dos restantes membros. As canções do coletivo, compostas por riffs de acordes simples, abertos, tipicamente crust em arranjos rítmicos dinâmicos, rápidos e selvagens e gritos furiosos acerca da luta do ser humano por aceitação num mundo que tem tanto de belo como de terrível. O ambiente mais sério e apocalíptico do álbum “godcifer”, que nos remete para uns All Pigs Must Die e Nasum, não foi recriado com sucesso nesta noite talvez devido à interpretação mais descontraída dos músicos e à afinação das guitarras, que não carregaram aquela chama cinzenta que carateriza o seu som em álbum.

De seguida tomaram o palco os suíços Agonir. Banda de crust d-beat muito rápido e dinâmico em que em cada canção acaba por ter algum choque rítmico que capta a atenção do ouvinte. A banda apresentou-se apenas com um vocalista masculino quando em álbum se ouvem dois. A banda acelerou o seu set, não interagiu com o público, dirigiu-se pontualmente, em francês, aos seus colegas e amigos na plateia, para que se lhes fosse levada cerveja ao palco apenas. O coletivo editou um bom trabalho de longa duração “...Et les Droits de l‘Homme s‘Effacent”, em 2017, e mais alguns curtos demos e eps. Foi de lamentar o ambiente quase de sala de ensaios porque a musica era séria e cheia de boas ideias, merecia ter sido apresentada de outra forma. Uma noite pouco memorável dada a pouca afluência de público e ambiente demasiado descontraído inerente. Valeu pela oportunidade que nos foi dada de conhecer dois coletivos interessantes dentro deste nicho musical que é o crustpunk.

Texto por David Silva
Agradecimentos: Mördör Bookings