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Entrevista aos Death On Fire


“Ghost Songs” foi o pretexto para uma das mais interessantes entrevistas que a Metal Imperium fez. Death On Fire falou sobre o processo de gravação, significado, as influências musicais e muito mais. Entremos no mundo deles!

M.I. -  O que podes dizer-nos sobre esta banda, histórica e musicalmente falando?

Tudo começou em 2016, quando Tim lançou 
algumas músicas como um projeto de estúdio. A partir daí, ele encontrou o resto dos membros da banda e foi para a estrada. Desde então, começamos a escrever em grupo e entramos na cena como uma banda de Old School Death Metal / Melodeath. Temos imenso concertos no nosso currículo e quatro lançamentos. Escusado será dizer que estamos ocupados e orgulhosos da nossa ética de trabalho.


M.I. -  O primeiro nome da banda era LazerWulf. Porque é que decidiram mudar?

Acontece que havia outra banda de nome LazerWulf, de Atlanta. Eles informaram-nos e como ainda não tínhamos nenhuma equidade no nome, decidimos mudar para Death on Fire. Aconteceu logo no início, depois do Tim ter lançado as suas demos.


M.I. -  “Ghost Songs” foi lançado no dia 20 de março deste ano e a capa é absolutamente incrível. Qual é a história para a sua escolha?

Estávamos à procura de um artista e um bom amigo, Matt Bacon, ligou para @zienz_ no Instagram. Tim falou com ela e explicou o nosso amor pelo trabalho macabro e gótico. O Kyle tem um olho incrível para composição visual e deixa-nos animados pela arte gótica. Tínhamos uma ideia para um Succubus ou uma deusa demónio, que levou os homens à morte. Foi uma ótima maneira de mudar a dinâmica do poder e mostrar que o sistema está a levar-nos para a nossa destruição. Talvez um pouco da Mãe Terra a lutar contra isso. Realmente estava muito relacionado com o que cantávamos e parece Metal para caralho. Então…


M.I. -  Como descreverias este álbum, em termos de composição, mistura e gravação? Podemos dizer que o som e letra são mais maduros do que o vosso álbum anterior "Witch Hunter"?

É absolutamente mais maduro. Uma vantagem é que é muito mais do que o Tim a escrever a música. O Kyle tem um ótimo sentido do que uma música precisa e a sua execução acrescenta-lhe a dinâmica, que estava a faltar anteriormente. O Sam, como sempre, é uma fera. Nós trabalhamos com um bom amigo, Ryan Newman, na mistura e ele também ajudou a produzir. Demos muita mais atenção aos pequenos detalhes, graças a ele e ele conseguiu a quantidade certa de energia bruta e linhas limpas. Estamos muito felizes com isso. Os tópicos são semelhantes na medida em que são pessoais e sobre o que o Tim enfrenta na sua vida. Dito isto, ele está a escrever com mais foco na banda, no sentido de que muitas ideias e linhas são refletidas nos outros membros, para garantir que eles sejam mais universalmente relacionáveis. É bom vê-lo a crescer liricamente nesse sentido. Estamos animados e modestos com a receção que recebemos para este álbum e estamos a gostar de escrever para o nosso próximo álbum durante a quarentena.


M.I. -  Podemos ouvir riffs de guitarra mais poderosos e as letras e vozes estão muito bem estruturados. Começas com uma letra e desenvolves as músicas a partir daí ou ao contrário?

Ao contrário. Somos todos músicos primeiro e o Tim escreve as letras, separadas dos riffs. Então voltamos e ouvimos cadências vocais, que correspondem às letras que ele escreveu. Às vezes, encaixamos a letra numa música, mas, na maioria das vezes, apenas esperamos que as letras certas apareçam.


M.I. -  Este álbum tem um significado muito pessoal para vocês, enquanto músicos e pessoas? Porquê?

Estamos todos muito orgulhosos disto. Tem significado para cada um de nós em diferentes níveis. Muito disso, é sobre a perda que experimentamos na vida e o medo e a raiva que temos dos danos que os outros causam em nós ou para nós mesmos. Nesse sentido, é muito pessoal para o Tim. Várias músicas eram sobre a sua esposa estar doente e enfrentar preocupações com a mortalidade dela, o atrito no relacionamento deles, quando as coisas ficam difíceis, coisas assim. O Tim definitivamente usa o coração dele na capa, mais do que as pessoas imaginam.


M.I. -  Este álbum é Melodic / Death Metal, no seu melhor. O que te influenciou?

Todos temos gostos ecléticos. O Kyle é um cantor e compositor que adora swampy jazz e blues. O Sam é um gajo de British New Wave Heavy Metal, mas gosta de The Doors e The Beatles. O Tim é provavelmente o metalhead mais puro. Ele é fã dos Megadeth e Carcass. Também adora os Death e os Dream Theater. O que é realmente interessante para nós, porém, é que soa a Old School Death Metal. A melodia faz uma música ótima. Dá mais poder às secções percussivas e mais movimento e emoção à música em geral. Eu acho que todos nós adoramos Metal, mas apreciamos a música em geral e isso leva-nos a escrever de um ângulo diferente de alguns dos nossos colegas. Estamos agradecidos que as pessoas gostem do que estamos a fazer.


M.I. -  Vamos falar sobre algumas músicas. "The Lies We Eat" é um acumular de sabor metálico, mas também tem um tom sombrio. Parece que acreditamos em tudo que ouvimos, mas não nos focamos na realidade diante dos nossos olhos. Isso é verdade? Na tua opinião, em que devemos acreditar?

Eu concordo com essa afirmação. É difícil superar o barulho e chegar à verdade. Eu digo acredita em ti mesmo. Verifica se és educado e verifica os factos. A ignorância é uma arma para a elite. Permite que outras pessoas controlem a tua narrativa. Eu também diria que esta música é sobre viver uma mentira e vender a tua esperança e sonhos, um compromisso de cada vez. Não desistas dos teus sonhos. Às vezes a vida faz-nos girar. Girar não significa que devemos desistir.


M.I. -  "Architects" mostra imagens de guerra, crianças na escola e o desenvolvimento da ciência. Podemos dizer que essa música é antiguerra? Vocês estão a tentar chamar a atenção para o que está a acontecer no mundo neste momento?

Esta música é antiguerra e anti mudança climática. É anti controle corporativo. Guerras são travadas por interesses económicos e controle da distribuição de recursos. Muitas vezes é glorificado para os jovens como nobre e deus contra o mal. É sobre os ricos ficarem ricos. Então, sim, antiguerra. Dito isto, porém, a razão pela qual temos a maioria dos nossos problemas, é a ganância que guia a humanidade. É muito caro e não equitativo para ser ecológico do ponto de vista corporativo. É mais fácil matar pessoas e aceitar o que desejas, do que negociar um compromisso. Todos nós estamos a vender conveniência e gadgets a preços baixos para a nossa moral. É uma música sobre muita merda obscura na experiência humana.


M.I. -  Vocês fizeram uma cover da música dos Kiss "Love Gun". Como e porque é que vocês decidiram por essa música?

O Kyle achou que devíamos fazer isso. É uma música incrível e quando a tocamos, ficou realmente escuro e assustador, então sentimos que era um ajuste sólido. Eles são os pais do Black Metal, gostem ou não, e aceitamos.


M.I. -  Este álbum terá uma tournée para apresentá-lo aos fãs? Que surpresas podemos esperar?

Tínhamos um set em março e foi cancelado. Estamos a analisar as nossas opções e esperamos ter algo juntos em novembro. Isso pressupõe que tudo esteja de volta ao normal nessa altura. O álbum parece meio oportuno, ironicamente, e esperamos ir em tournée e partilhá-lo com os fãs. Temos ensaiado e estamos na nossa última semana de preparação para o espetáculo de tournée. Temos alguns truques na manga. Enquanto isso, provavelmente lançaremos alguns b-sides e outro vídeo este ano apenas para manter o conteúdo a fluir.


M.I. -  Obrigada pelo teu tempo. Algumas palavras finais?

Obrigado. Apoia a tua cena local. Cuidem-se, porque ninguém mais o fará. Stay brutal e até breve, espero.

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Entrevista por Raquel Miranda