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David Ellefson conta a reação de Dave Mustaine ao álbum de estreia dos Metallica


Se é novidade para alguém que o líder dos Megadeth, Dave Mustaine, formou uma das quatro mais populares bandas de Thrash Metal dos anos 80 depois de ter sido despedido dos Metallica, é sempre bom aprender. O que pode não ser tão conhecido do público é a forma como este reagiu à primeira vez que ouviu o álbum de estreia da banda que o despediu, "Kill ‘Em All", no qual ainda chegou a ter uma importante contribuição. Pois bem, agora já não há desculpas para não se saber.

Numa conversa com Robb Flynn para o podcast “No Fuckin’ Regrets”, David Ellefson esclareceu a dúvida que com certeza não seria apenas o homem-forte dos Machine Head a ter:

“Lembro-me que o Greg [Handevidt, então-guitarrista dos Megadeth] se lembra ao pormenor [do Dave Mustaine] estar sentado durante uma hora em silêncio, ou 38 minutos, abrir a caixa, olhar para o álbum, tirar-lhe o papel retrátil e colocá-lo no gira-discos. (…) É como aquele momento em que provavelmente estás a ver a tua ex com outro tipo qualquer. (…) [O Dave] estava a ouvir, parado a olhar para os altifalantes em silêncio absoluto, a estudar as canções. Lembro-me de eu e o Greg sentarmo-nos ao pé dele nervosos e a pensar ‘ó meu Deus, como é que ele vai reagir a isto?’ e lembro-me duma das primeiras coisas que ele disse: ‘Ele roubou-me a merda dos solos’. Foi a primeira reação do Dave: que o Kirk [Hammett] tinha tocado os solos dele. Não são bem iguais, mas são até certo ponto.”

A saída de Mustaine dos Metallica provocou a formação de uma banda (praticamente) focada em vingança por parte do guitarrista, em particular contra o homem que lhe “roubou o lugar”. Nesse sentido, Ellefson oferece a sua perspetiva em relação ao que, a seu ver, estaria a fervilhar na mente de Mustaine durante a provável génese dessa sede de vingança:

“Lembro-me dos solos serem uma coisa muito pessoal para o Dave. Naquela altura, aquelas músicas [dos Metallica] já eram bem conhecidas na Bay Area [em São Francisco], pelo menos, e as pessoas conheciam-nas e aquela demo [‘No Life ‘Til Leather’] já andava de mão em mão, portanto as pessoas já conheciam aquilo. Quando ele viu como os créditos estavam no álbum, com temas que o Dave tinha feito e como agora os créditos estavam divididos, foi provavelmente como um divórcio. Ele estava furioso. Foi nesse momento que eu penso que tenha sido algo como ‘ó céus, a realidade é esta’. Claro que para mim foi um pouco ‘e então, o que é que tem? Nós temos a nossa própria banda, estamos a fazer a nossa cena’, mas ao mesmo tempo tínhamos de ser respeitosos. Obviamente que isto era o Dave acabado de sair deste grande grupo do qual ainda não tínhamos ouvido falar, os Metallica”.

Já no final da conversa, apesar de sem querer gerar controvérsia, Ellefson admite que o ritmo de produção dos Metallica lhes terá concedido alguma vantagem para atingir um público mais vasto, embora justificando que os Metallica “não eram os mais rápidos. Os Exodus, os Megadeth, os Slayer e os Anthrax eram bem mais rápidos”. Para os curiosos, a conversa está disponível na íntegra no vídeo abaixo (em inglês, a partir do minuto 40:05).


Por: Daniel Lucindo - 22 dezembro 20