About Me

Entrevista aos Kaunis Kuolematon


Os finlandeses Kaunis Kuolematon lançaram recentemente o seu novo álbum "Syttyköön Toinen Aurinko" pela Noble Demon. Sem medo de cruzar as fronteiras musicais, a banda agraciou-nos com 9 faixas de melodias apocalípticas, destrutivas e depressivas. A fim de promover o novo e terceiro álbum de estúdio, Mikko Heikkilä conversou com a Metal Imperium para revelar todos os detalhes deste trabalho espetacular.

M.I. - Como surgiu o nome Kaunis Kuolematon? No que estavam a pensar quando decidiram que era perfeito para a banda? 

Olá! Há uma maneira meio poética de como o significado dessas duas palavras aparece na língua finlandesa. O significado também anda de mãos dadas com o que Kaunis Kuolematon representa musicalmente. Kaunis (belo) mostra as melodias, linhas vocais, a atmosfera geral do nosso estilo sombrio. Kuolematon significa imortal… a música é imortal, a música fica aqui para sempre, a música nunca morre...


M.I. - Os membros da banda tocaram em várias bandas ao longo dos anos... por que sentiram a necessidade de criar Kaunis Kuolematon? 

Black Sun Aeon chegou ao fim da estrada e, após um curto período, senti que ainda havia uma chama a queimar dentro de mim, à procura de uma saída. Eu já tinha 6 a 7 músicas compostas e os colegas de banda ainda andavam por perto, portanto não foi complicado reunir este grupo. É por isso que sempre senti que somos mais amigos do que apenas companheiros de banda.


M.I. - Acreditam que o idioma é o suporte de Kaunis Kuolematon e seria difícil não usar a vossa língua nativa na música. No entanto, dentro do álbum haverá traduções em inglês, para que seja fácil acompanhar as músicas. Por quê? A mensagem não se perde na tradução? 

Desde o início, percebi que escrever letras na minha língua nativa era muito mais fácil para mim. Consegui chegar muito mais perto do significado das falas e de certas palavras. Eu poderia aprofundar-me muito nas músicas. As letras foram traduzidas pelo Sami Järvinen, que tem muita experiência com esse tipo de trabalho, por ser um especialista na área. Por isso, as letras são traduzidas para o mais próximo possível do significado original. Tanto quanto sei, o feedback dos fãs foi bom, porque agora eles podem aproximar-se do significado mais profundo das músicas.


M.I. - Quais são as vossas influências musicais e líricas? 

A vida e os anos que passamos. Talvez seja um cliché, mas é verdade. Quando se trata de letras, sempre tentei mantê-las o mais simples possível, para não me perder no significado. E a música... todos nós tocamos em muitas bandas e sabemos o que queremos fazer e como deve soar. Portanto, diria que é a experiência que transparece no estilo.


M.I. - A banda partilhou palco com os Omnium Gatherum, Wolfheart, Cult of Luna, Vorna e October Tide, e tocou em festivais e concertos por toda a Finlândia, atraindo um grande público de muitos subgéneros do metal. Vocês também não têm medo de cruzar as fronteiras musicais para expandir os estereótipos do Doom Metal. Foi tudo intencional ou simplesmente aconteceu? 

Honestamente, nós escrevemos as músicas sem pensar muito. Não gostamos de colocar o nosso estilo em nenhum género, porque não temos fronteiras, é assim que vemos as coisas. Se escreves música, apenas tens de acreditar muito no que fazes e confiar nos teus instintos. Devo admitir que, às vezes, me surpreendo com o sucesso que temos tido. Mas, como disse, só precisas de acreditar em ti mesmo. Segue o teu coração...


M.I. – O vosso terceiro álbum intitulado "Syttyköön Toinen Aurinko", foi lançado a 27 de novembro pela Noble Demon. "Syttyköön Toinen Aurinko" é uma jornada onírica pesada mas intensa e vai, sem dúvida, entrar em várias listas Best Of 2020. Como se sentem? Quais foram as reações até agora? 

Reações nossas ou dos fãs? No que diz respeito às reações dos fãs e comentários que li, nunca pensei que seria tão bom como tem sido até agora. Sabemos que estamos mais do que satisfeitos com o álbum, mas o modo como isso afeta o público é apenas a cereja no topo do bolo. Estou curioso para ver aonde o caminho nos leva...


M.I. – "Syttyköön Toinen Aurinko", cujas letras são inteiramente em finlandês, foi gravado nos DeepNoise Studios na Finlândia (Bloodred Hourglass, Wolfheart, Dawn Of Solace, To / Die / For). Qual foi a vossa impressão ao ouvir o material acabado? 

Não há uma maneira de colocar esse sentimento em palavras. Depois de ouvir cerca de 200 vezes cada uma das demos das músicas, o caminho não é simples. Significa muito trabalho, muito tempo... tanta energia desperdiçada que, um dia, estás pronto para deitar tudo cá para fora. Após as gravações e sessões de mistura, é preciso de dar um tempo e soltar um pouco a corda. Depois de um curto período de tempo, já estás pronto para ouvir tudo de novo... uma pequena pausa dá-te a oportunidade de ver o álbum inteiro de uma nova perspetiva. No final, estamos mais do que satisfeitos com o resultado.


M.I. - O que significa "Syttyköön Toinen Aurinko"? Qual é a mensagem? 

A música foi escrita e composta pelo nosso guitarrista Ville Mussalo. “Sub Idem Tempus” é uma ótima abertura para o álbum. É uma música sobre superficialidade, cupidez e os valores que vivemos. Mesmo assim, são questões que nunca te levam a nada de bom... A maldição do círculo da vida.


M.I. - Vocês expressam os vossos próprios sentimentos e emoções nas letras? 

Basicamente, sim. Às vezes, é precisa dar um toque de cor, mas geralmente as ideias surgem das nossas próprias experiências. A vida nem sempre é uma maravilha, mas também não é sempre um lugar escuro. Há sempre uma saída da escuridão, mesmo que não pareça.


M.I. - Segundo a banda, o álbum soa melhor do que os anteriores. As pessoas que já ouviram o disco, dizem que vocês cresceram, mais uma vez, como banda. Falem-nos sobre isso, por favor. 

Que bom saber que se sentem assim! Eu não te posso dizer qual é a principal razão por trás de tudo isso. Nós apenas tentamos fazer as coisas melhor de cada vez que começamos a compor material novo. Dentro da banda, vimos que crescemos, mas já nos conhecíamos há muitos anos, portanto isso é compreensível de certa forma. Comparando com os lançamentos anteriores... nós já sabemos o que realmente queremos desta banda. Crescemos para chegar aqui juntos, esse é o ponto principal.


M.I. - A deslumbrante e sofisticada capa do álbum foi feita por Niko Anttila (Wolfheart, Sabaton. Quem teve a ideia? 

Todo o mérito é do artista Sr. Anttila. Demos-lhe algumas opções para melhorar e ele apresentou-as na forma de uma incrível obra de arte. É pintado com tintas e cores reais. Apenas o formato foi finalizado digitalmente.


M.I. - Desde o último álbum “Vapaus”, o alinhamento continua o mesmo. Ainda há química entre vocês? Como ocorre o processo de escrita? 

Não vi nenhuma mudança até agora (risos) Temos três compositores ativos que tornam o nosso som muito colorido, de uma forma rica, se é que me entendem. Temos sorte de estar neste tipo de posição. Normalmente, alguns de nós enviam a demo e, depois, decidimos como proceder. O Ville tem sido o principal homem quando se trata da composição. Pessoalmente, estou mais focado em melodias vocais, arranjos e escrever letras... mas ainda existem algumas diferenças entre os lançamentos.


M.I. - Vocês planearam originalmente lançar “Syttyköön Toinen Aurinko” em novembro ou a quarentena deu-vos mais tempo para trabalhar na música? 

Esse era o plano original. Depois de lançarmos o EP “Elämä ei tarvitse minua”, decidimos apontar o nosso próximo álbum para 2020. É sempre um longo processo para gravar um álbum, e nunca foi fácil, como sabemos. Portanto, precisamos de ter planos logo nos primeiros dias.


M.I. - Este álbum foi lançado pela Noble Demon. Como surgiu essa colaboração? 

Eu estava a gravar as vozes para o álbum “Waves” dos Dawn Of Solace. Perguntei sobre o editor do Sr. Saukkonen quando a Noble Demon apareceu. Enviei uma mensagem ao Patrick e ele foi direto ao assunto. Ainda demorou algum tempo a acertar tudo, mas aqui estamos. Temos muita sorte com o contrato e estamos curiosos para ver aonde nos leva...


M.I. – Os Kaunis Kuolematon apresentaram um concerto em streaming. Como foi a experiência? Foi estranho tocar sem uma plateia à frente? 

A ideia parecia estranha. Imaginem um palco vazio, sem público, apenas câmaras :) Mas tudo mudou enquanto caminhávamos para o palco. É uma daquelas experiências que nunca vamos esquecer. E fomos sortudos por termos feito isso. O feedback também foi surpreendentemente bom, pelo que ouvimos.


M.I. - Qual é a coisa mais gratificante para vocês como membros dos Kaunis Kuolematon? 

...é ser capaz de expressar os meus sentimentos e diferentes tipos de emoções ao longo da música. Isso realmente preenche as minhas necessidades. E estou feliz e orgulhoso disso.


M.I. - Agora têm uma nova editora e estão a trabalhar com a All Noir... quão diferentes são as coisas para vocês? É bom contar com a experiência e a ajuda de outras pessoas? 

Estávamos naquele ponto em que a ajuda de fora era necessária. Já há muito que falávamos que não poderíamos fazer isto sozinhos por muito mais tempo. As coisas precisavam de ser mudadas. Estamos realmente felizes pelo contrato com a Noble Demon ter acontecido. Agradecemos imenso ao Patrick, que nos aceitou na sua lista de bandas.


M.I. - Um dos concertos de lançamento agendado para 28 de outubro foi adiado para 2021. Quão prejudicial o coronavírus tem sido para os Kaunis Kuolematon? 

Não tem sido bom para ninguém. E é muito triste que estejamos num estado como este. Tínhamos concertos confirmados no final deste ano, mas agora está tudo cancelado. Adiado para o próximo ano… Não fazemos música para viver, mas mesmo assim isto não é nada bom. Espero que se transforme numa coisa boa em algum momento e voltemos ao “normal” novamente. Tempos estranhos, devo dizer.


M.I. - Qual é a melhor maneira para os fãs apoiarem as bandas atualmente? 

A melhor maneira de apoiar as bandas é partilhar links, vídeos e sites usando as diferentes redes sociais. Ouvindo música, comprando mercadoria e é claro: OUVINDO “SYTTYKÖÖN TOINEN AURINKO” O MAIS ALTO QUE PUDEREM !!!


M.I. - O que é que os fãs podem esperar dos Kaunis Kuolematon num futuro próximo? Algum plano para uma tournée ou concertos? 

Temos muitos concertos confirmados no ano que vem, mas só temos que esperar e ver como as coisas vão acabar... Um dia de cada vez e acreditar que há um futuro melhor pela frente.


M.I. – Obrigada pela entrevista! Deixem uma mensagem final aos fãs e leitores portugueses da Metal Imperium. 

Cuidem dos vossos entes queridos e mantenham-se saudáveis, fiquem seguros. Não vamos a lugar nenhum, a música nunca morre, a música fica para sempre. Todos nós precisamos de nos focar, vencer esta doença maliciosa e acreditar num amanhã melhor. 

For English version, click here

Entrevista por Sónia Fonseca