Ah, Invicta! O que dizer sobre esta magnífica cidade onde se encontram as melhores lojas, cafés, o famoso rio Douro, o berço da famosa francesinha e o café mais antigo de Portugal! Podemos dizer que possui um dos mais emblemáticos espaços para concertos, onde os fãs são fiéis ao espaço e aos eventos que ali se realizam.
E isso comprovou-se no passado dia 1 de dezembro, feriado nacional, com um evento totalmente esgotado. A promotora responsável por esse feito, foi a Free Music Events.
Os Soen, que a cada álbum trazem algo inovador, passaram por Portugal, para dois concertos: dia 1 de dezembro, no Hard Club e no dia seguinte em Lisboa, no LAV- Lisboa Ao Vivo.
Como bandas de suporte, os finlandeses Oceanhoarse e os franceses Lizzard foram uma surpresa muito agradável.
As portas estavam previstas abrirem às 20:00, mas abriram às 20:30, para a bilheteira tirar dúvidas em relação às novas regras impostas pelo Governo, que foram impostas a partir do dia 1 (cada pessoa deveria apresentar o certificado digital de vacinação ou comprovativo negativo ao Covid, bilhete de Identidade e uso de máscara).
Às 21:00, os Oceanhoarse, que trazem na bagagem o seu álbum de estreia: “Dead Reckoning”- lançado no doa 20 de agosto de 2021, via Noble Demon Records - sobem ao palco. O concerto começa com uma intro de bateria excelente, onde se segue o baixo. Guitarrista e vocalista saúdam o público com uma energia inigualável. “Headfirst” é a primeira música, com muito power, onde se pode comprovar uma das melhoras composições, em termos musicais. Depois do aquecimento, onde o vocalista agradece, diz que são da Finlândia e tocam um Heavy Metal do caraças, segue-se “Reaching Skywards”, com uma das melhores intros, que é capaz de soltar os demónios que há dentro de nós. Música para colocar toda a gente a saltar e num moshpit, é sem dúvida “One With the Gun”. Brutalíssima! Também houve tempo para dois instrumentais, onde o baixista e o guitarrista deram um espetáculo do melhor, nos respetivos solos. O vocalista pergunta se há na audiência, fãs de Ozzy Osbourne e a banda toca a melhor cover de “Bark at the Moon” alguma vez tocada. O vocalista consegue cantar tudo e mais alguma coisa. E por último, “The Intruder”, que de intruso não tem nada, mas as guitarras são fabulosas. Depois de dizerem que o público portuense é dos melhores públicos que já tiverem, convidam toda a gente a aparecer junto à mesa do merchandising, para uma oportunidade para conhecerem um pouco melhor a banda.
Com o público já bem aquecido, foi a vez dos Lizzard se apresentarem em palco. Esta banda veio substituir os Port Noir, que infelizmente não puderam continuar a tournée, tendo sido, sem dúvida, uma das mais agradáveis surpresas. Vêm diretamente de França e contam com 5 álbuns na discografia. O último chama-se “Eroded”, lançado no início deste ano, através da Pelagic Records. Brindaram o público com uma intro de guitarra e bateria brutais, no qual o baixo segue. Apresentam-se e dizem que estão muito contentes por estar ali. “Corrosive” é a primeira música apresentada do álbum, que possui uma linha de baixo fenomenal e a bateria é do melhor. Ao princípio, as pessoas ainda estavam a digerir a primeira música e a tentar descobrir qual o género musical deste grupo (o género dos Oceanhoarse é Heavy/Groove Metal/Hard Rock), rapidamente descobriu-se que é Progressive/ Alternative Metal do melhor. “Decline” possui uma batida muito forte, onde a distorção combinada com linhas melódicas superam as expectativas.
Para não falar da bateria. Que maravilha!!! “Vigilent” foi das melhores músicas apresentadas. Começou com linhas fantásticas de guitarra e bateria. O baixo com muito groove, sem falar na voz. Das mais poderosas. “Agora soa como o Porto!” – frase do vocalista e guitarrista, onde o público já se encontrava mais solto e a entrar na onda. Trocam de guitarra e baixo, para tocarem “Haywire”, a mais calma de todas. Tocaram uma versão da da “Sweet Child O’ Mine”, dos Guns N’ Roses, que sem dúvida, sem palavras!!! Que perfeição! Quem disse que bateria não é um instrumento para uma mulher, que pense duas vezes, pois sem dúvida que é!
Mais uma vez troca-se as guitarras e baixo, para tocar “Blowdown”, que deixa qualquer um caído, pois a guitarra, apesar de pesada, tem alma, tal como o baixo. E, por fim, “The Orbiter”, onde baixista e guitarrista cantam em uníssono e tem um dos riffs mais rápidos. Despedem-se, dizem que foi sem dúvida um dos melhores concertos da carreira deles e que esperam voltar. Convidam os novos fãs a encontrarem-se com a banda, junto ao stand de merchandising.
E por fim, às 22:45, o tão aguardado momento! Um por um, os membros da banda vão entrando e a intro não deixa dúvidas: “Monarch” é a primeira música, do novo álbum e um dos melhores, senão o melhor álbum de 2021: “Imperial”. Joel Ekelöf é sem dúvida uma presença forte em palco, com a sua voz enigmática, que consegue alcançar notas altas com uma facilidade incrível. Belíssima composição! Cody Ford demonstrou o porquê de ser o mestre nas guitarras, com um dos solos que não deixa ninguém indiferente, acompanhado do Lars Åhlund. “Porto! Muito obrigado! Já temos uma longa história com a cidade há mais de 15 anos é sempre um prazer voltar!” – foram estas as palavras do vocalista que levaram a que o público presente o aplaudisse com orgulho, tal qual era o êxtase de verem uma das melhores bandas da última década. Segue-se “Rival”, do álbum de 2019: “Lotus”. Uma música com uma letra forte e uma poderosa batida de bateria, executada por Martin Lopez e uma precisão nas linhas de guitarra. É sempre um prazer ver e rever o Martin na bateria e os saudosistas de Death podem comprovar isso, pois está melhor que nunca!
Passemos para “Deceiver”, do novo álbum. O que dizer? Martin “brincou” com a bateria, num solo formidável, que combina perfeitamente com a música e então os solos de guitarra? Sem palavras! Em seguida, Lars dirige-se ao teclado, de forma a criar a atmosfera hipnotizante desta faixa a que tão bem estamos familiarizados, sem contar os agudos de Joel no final da música! Bravo!
Sempre sorridentes, agradecem à audiência e apresentam “Martyrs”. Oleksii 'Zlatoyar' Kobel foi, sem dúvida, uma boa escolha para suceder a Steve DiGiorgio, pelo que se pôde comprovar nas linhas de baixo. Na sequência, segue-se o teclado e palmas da audiência. “Está tudo bem aí atrás?” O público diz que sim e o concerto prossegue alegremente!
“Savia”, do álbum “Cognitive” de 2011, também fez parte e tem uma intro de percussão, baixo de se tirar o fôlego e é uma das músicas mais bonitas da banda.
“Lumerian” é, com certeza, uma música forte e muito intimista, pois pode ser bruta e calma, tudo ao mesmo tempo. Martin levou o público à loucura com o seu solo de bateria, tendo sido acompanhado do Cody e Lars. Seguem-se as palmas, para a próxima música: “Covenant”! Sem modéstias à parte, passemos para belíssima “Modesty”. “River” possui o melhor coro entre Joel e Lars, que se encarrega do teclado e Cody da guitarra acústica. Belíssima a conexão entre o teclado e guitarra nesta faixa. Esta música consegue tocar nos corações mais gélidos! Antes do encore, segurem-se “Antagonist” e “Illusion”.
Após uma pequena pausa, revisitaram o álbum "Lotus" com “Lascivious”, e o "Lykaia", com o tema “Sectarian”. Enquanto isso, Joel apresenta os membros da banda um por um. E, por fim, a última música: “Lotus”! Sem dúvida, a melhor forma de acabar um concerto memorável, que acabou perto da uma da manhã.
O concerto mais aguardado e o ponto alto do ano, foi, sem dúvida, uma aposta ganha por parte da Free Music Events, onde conseguiu o feito de lotar um dos espaços mais importantes para concertos e eventos do Porto, pois, como se sabe, as grandes promotoras não investem muito na cidade. Mas esta promotora investiu e valeu a pena, pois o público portuense demonstrou a raça que lhe é característica e a sede que tinha de um bom concerto, que só os Oceanhoarse, os Lizzard e os Soen poderiam proporcionar.
É caso para dizer: O Porto é uma nação!
Texto por Raquel Miranda
Fotografia por Emanuel Ferreira
Agradecimentos: Free Music Events