A voz de Nocturno Culto com o destacado teclado de Anders Hunstad a acompanhar a letra de “Bleak Reflections” na abertura deste novo álbum de Sarke atrai desde logo o ouvinte. Este é o elemento que se mantém constante e inalterado ao longo do disco, o seu fio condutor, de certa forma.
Sarke é uma banda que começou por ser apenas um duo com apenas o vocalista acima referido e o homónimo multi-instrumentista a lançar um disco que depois de tornou numa banda com o próprio Sarke a assumir apenas a função de baixista exclusivamente. Com este sétimo álbum, o sexto em formato banda, Sarke consegue um registo eclético dentro do metal, fruto de diversas sonoridades, muitas vezes dentro do mesmo tema. As teclas em “Funeral Fire” dão uma sonoridade psicadélica ao tema, afastando-o dos precedentes. Com efeito, as teclas são o instrumento que mais contribuem para a diversidade sonora neste registo. No tema-título que se segue, o baixo pesado guia os restantes instrumentos num registo doom, com a abertura em direção à luz se revelando lentamente, mas que se mantém sempre um pouco ao longe do alcance.
“Beheading the Circus Director” começa com um riff que poderia sair de um disco dos Red Fang, mas com teclas a lembrar Dimmu Borgir no período In Sorti Diaboli, o solo repartido entre a guitarra e os teclados no final é extraordinário. “Through the Thorns”, por sua vez é negro e lembra Immortal, mas com o baixo mais presente. “Glacial Casket” continua esta sonoridade mais black metal do álbum.
“Sleeping Fear” é um curto instrumental que nos lança para o energético “The Reverberation of The Lost”, com a bateria de Cato Bekkevold pesada e precisa a guiar a dinâmica de toda a instrumentação e com brilhantes solos de Steinar Gundersen na guitarra, alternados com solos de teclado de Anders Hulstand, a lembrar Deep Purple. “Imprisioned” encerra o álbum, com uma sonoridade mais rock, familiar, a pedir uma nova repetição do disco.
Concluindo, "Allsighr" é um álbum eclético abrangendo várias sonoridades dentro do heavy metal, sendo um ponto alto na discografia do grupo que no espaço de onze anos lançou sete álbuns. Certamente, um disco interessante para fãs dos músicos envolvidos, mas para fãs de metal em geral.
Nota: 9/10
Review por Raúl Avelar