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Reportagem: Scorpions @ Altice Arena, Lisboa – 18.07.2022


Foi para miúdos e graúdos. O mesmo é dizer que a música desta banda alemã atravessa gerações, continuando a recrutar rock believers para as suas hostes. O concerto de segunda-feira foi exemplo disso mesmo. Altice Arena completamente cheia para receber os Scorpions. Entre o público podíamos ver jovens de 17 ou 18 anos (e até mais novos!), assim como “jovens” de 65 ou 70. A música destes gigantes germânicos é assim, intemporal.

Devia ter decorrido a dia 10 de maio, mas por motivos de força maior foi adiado para dia 18 de julho, encerrando assim esta Rock Believer World Tour. Os concertos que concluem digressões costumam ser bons e este não foi exceção. Muita vontade de ver esta banda que tem uma enorme legião de fãs no nosso país. A impaciência começou a apoderar-se do público logo que chegaram as 21h00 (hora prevista para o início do concerto) e a banda não se apresentava em palco. 20 minutos depois, Klaus Meine e restantes elementos começaram o espetáculo com um tema novo: “Gas in the Tank”, resposta adequada a todos aqueles que possam pensar que eles estão velhos.
Quem vai assistir a um concerto de Scorpions sabe que há algo com que pode contar: clássicos. Eles começaram a ser interpretados desde cedo com “Make it Real”, “The Zoo” e “Coast to Coast”, logo assim, de rajada. O público ia cantando e não deixou de o fazer mesmo nos temas novos de Rock Believer, mostrando que o novo trabalho não lhe era estranho. “Delicate Dance” foi o segundo tema instrumental da noite e a oportunidade de Matthias Jabs mostrar que, mesmo com 66 anos, continua a ser um grande guitarrista.
Ainda não tínhamos ouvido nenhuma balada e isso é algo que também não pode faltar nos concertos da banda alemã. Estava na altura de visitar o álbum Crazy World para interpretarem “Send Me An Angel”, com muitos isqueiros acesos e luzes de telemóvel ligadas (o que criou um ambiente fantástico) e “Wind of Change”, com letras alteradas e adaptadas à situação que se vive atualmente na Ucrânia. Regressando aos temas que fazem o público saltar, e ainda extraída de Crazy World, a banda interpretou “Tease Me, Please Me”, para logo de seguida tocar “Rock Believer”, tema que dá nome ao último trabalho (assim com a esta tournée) e que foi dedicada, por razões óbvias, a todo o público presente.
Deixado em palco apenas com o baterista Mikkey Dee, o baixista Pawel Macioda mostrou em poucos minutos o porquê de estar numa banda deste calibre, para logo depois abandonar também ele o palco. Este pertencia agora em exclusivo ao ex-Motorhead, que não perdeu a oportunidade de mostrar através de um solo, o porquê do falecido Lemmy se referir a ele como “o melhor baterista do mundo”.
Já com todos os elementos em palco, seguiram-se “Blackout” e “Big City Nights”, que são daqueles clássicos com lugar cativo em qualquer setlist dos Scorpions e que pareciam fadados a serem os últimos desta magnifica noite, pois a banda abandonou novamente o palco após a sua interpretação. O público português estava atento e sabia que não foi por acaso que o álbum Love at First Sting esteve meses no top nacional de vendas durante a década de 80. “Still Loving You”, esse hino, foi o primeiro tema do encore e foi cantado por toda a Altice Arena, assim como “Rock You Like a Hurricane”, esta sim, última música da noite.
Apesar da idade da maioria dos elementos, atrevo-me a dizer que isso não se reflete na atitude da banda. Quase duas horas de uma atuação enérgica, que dispensam a necessidade de uma banda de suporte. Rudolph Schenker continua endiabrado, não perdendo nenhuma oportunidade de vir à frente do palco desafiar o público. A voz de Klaus continua forte, com aquele timbre único, tão característico e os solos de Matthias Jabs continuam a soar como há 10, 20 30, 40 anos atrás. Mikkey Dee é realmente também ele uma mais-valia para esta, ou qualquer outra banda. Visualmente, um concerto de Scorpions é também espetacular, com imagens vídeo a passar em pano de fundo, sempre alusivas aos temas interpretados. Que não demorem muito a regressar a Portugal, se possível com outro álbum novo na bagagem.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Everything Is New