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Entrevista aos Imperium Dekadenz



Os senhores do black metal Imperium Dekadenz levantaram, mais uma vez, a escuridão das profundezas da Floresta Negra na Alemanha. O seu novo álbum "Into Sorrow Evermore" foi lançado no dia 20 de janeiro de 2023 pela Napalm Records e tem sido elogiado pelos fãs e pelos críticos de todo o mundo. Fiéis aos primórdios do género, a banda mantém as suas raízes e deixa a sua própria marca em composições sombrias e atmosféricas, reivindicando o seu lugar no topo do Black Metal.
A Metal Imperium teve o prazer de lhes fazer algumas perguntas e descobriu alguns detalhes interessantes. Continuem a ler...

M.I. - Em primeiro lugar, muito obrigado por responderem às nossas perguntas. A principal base dos Imperium Dekadenz é a amizade. Qual a importância da amizade para vocês?

É um fator importante quando se fala em ser criativo, porque a arte vem do coração e pode magoar facilmente se as palavras erradas forem ditas. Também se deve poder confiar na outra pessoa e a melhor confiança vem da amizade.


M.I. - Será o fim dos Imperium Dekadenz se essa amizade acabar?

Sim.

M.I. - Vocês escolheram o nome “Imperium” por causa da grandeza de Roma e “Dekadenz” por causa das orgias, Saturnalia. Costumava haver muitos temas históricos nas vossas letras, mas as coisas mudaram quando vocês optaram por começar a escrever sobre questões metafísicas que assombram a humanidade há muito tempo. Ainda defendem todas as coisas que a banda que escolheu ao longo do caminho? Conseguem imaginar o quão diferente seriam os Imperium Dekadenz se se tivessem formado em 2023?

As primeiras músicas que escrevemos eram mais sobre o nome da banda. Não tínhamos planos reais naquela época para que caminho a banda deveria ir. Foi tudo apenas pela alegria de fazermos Black Metal juntos. Não faço ideia de como seria hoje. Existem muitos fatores e está sempre tudo a mudar. Uma coisa é certa, porém, é muito mais difícil fazer um nome apenas com a música nos dias de hoje. Hoje, as pessoas colocam mais ênfase em fantasias, redes sociais, etc.


M.I. – Os Imperium Dekadenz está profundamente enraizado nos sons melancólicos que moldaram o underground. E, como com os álbuns anteriores, o novo “Into Sorrow Evermore” ultrapassa os limites. Quanto esforço é preciso para conseguirem fazer sempre melhor do que antes?

É um trabalho imenso que, alguém que nunca experimentou algo assim, não pode compreender. Certamente não estou a falar apenas da nossa banda, mas posso dizer que valorizamos muito o perfeccionismo e a elaboração dos pequenos detalhes. E isso não se aplica apenas à música, mas a tudo que compõe a banda.


M.I. - "Into Sorrow Evermore" entrou nos tops de música em todo o mundo, e as pessoas parecem estar a gostar. Quais eram as expectativas? Esperavam que corresse assim tão bem?

Sim, claro, todo o mundo quer ver o seu filho a prosperar e é bom quando o nome da banda continua. Mas isso é apenas uma esperança, o que realmente queremos é um álbum que leve as emoções ainda mais ao topo e nos excite de A a Z. Se conseguirmos exatamente isso, talvez a esperança possa dar frutos.


M.I. - Segundo a banda: “Muitas pessoas ficaram deprimidas com a situação da pandemia, mas no nosso caso tivemos ainda mais inspiração” e assim nasceu o novo álbum. Que perguntas abordam em “Into Sorrow Evermore”?

O álbum não pretende responder a nenhuma pergunta. Acho que é disso que se trata o Black Metal. Envolve-te contigo mesmo, reflete sobre o teu ambiente e descobre novas verdades. É exatamente disso que trata 'Into Sorrow Evermore'. Transformar a escuridão e a ameaça num lugar de saudade, para continuar a crescer e a fazer novas perguntas.


M.I. - Quanto tempo decorreu desde as ideias iniciais até à finalização do novo álbum?

Encontramos um bom ritmo de 3 anos. 1,5 – 2 anos para composição e 1-1,5 anos para a produção final.


M.I. – O Vannier uma vez mencionou que para este álbum “A abordagem foi colocar todas as coisas que os Imperium Dekadenz representam de uma forma mais extrema. As músicas mais rápidas são mais rápidas e mais agressivas desta vez. O mais lento, melancólico, digamos coisas doom, é mais lento, mais melancólico do que antes.” O processo de composição e gravação desse álbum foi típico da banda ou foi diferente de alguma forma?

Por causa da pandemia, tínhamos muito mais tempo disponível e, portanto, um maior banco de ideias de músicas. Desta vez, mantivemos os processos de produção habituais, mas no início de 2022 alguns obstáculos foram lançados no nosso caminho, porque de repente todos os fins de semana foram bloqueados por causa das restrições do Corona. A perda de fins de semana é um grande problema quando trabalha a tempo inteiro e a produção deve acontecer aos finais de semana.


M.I. - Como é que os Imperium Dekadenz tiveram a ideia para o conceito, bem como as inspirações para a composição?

Recolhemos as primeiras ideias de músicas e analisamos em que direção podiam ir. Em seguida, trabalhamos num conceito, adaptamos a seleção de músicas e outras ideias de músicas a ela. No final, cada álbum dos Imperium Dekadenz deve parecer uma viagem por mundos diferentes sem perder o fio condutor.


M.I. - A capa é muito importante para vocês, pois é a cara de todo o trabalho e transporta o sentimento e o significado das músicas. Quem criou a arte para este álbum? Qual foi a inspiração?

Tivemos a ideia do Simon Stiegeler fazer uma máscara. Em muitas sessões noturnas, concordamos com um conceito com uma segunda máscara. Juntamente com o estúdio fotográfico Void Revelations, experimentamos várias ideias até chegarmos à imagem final. O trabalho gráfico da arte ficou a cargo do Alejandro Tedin (Heresie Studio).


M.I. - Qual é o vosso objetivo agora? O que ainda querem alcançar como músicos?

O mesmo que nos últimos vinte anos. Encontrar satisfação na composição, amizade, ganhar novas experiências e levar o projeto Imperium Dekadenz um passo mais à frente.


M.I. - Com o sucesso deste álbum e dos anteriores, têm recebido mais propostas para tournées e concertos? Algum plano que possam partilhar? Alguma oferta para virem tocar em Portugal?

Desde a semana passada temos uma nova agência de booking (Redback Promotion) e com ela a grande esperança de finalmente tocar com este álbum em países onde ainda não pudemos tocar. Portugal e Espanha estão no topo da nossa lista de desejos!


M.I. - Como vão recriar ao vivo a atmosfera e a profundidade emocional do álbum? Quais são as vossas músicas favoritas para tocar ao vivo?

No momento, estamos a trabalhar numa nova setlist. Um dos focos, claro, será o novo álbum. Com 7 álbuns, é muito difícil agradar a todos. Tentamos encontrar uma boa combinação de atmosfera sombria e melancólica e energia carregada. Como geralmente não fazemos muitos concertos, as pessoas podem ter a certeza de que estamos ansiosos para cada concerto e esperamos que isso também seja percetível.


M.I. - Sendo uma banda de Black Metal, como veem o Black Metal atualmente? Alguns dizem que é muito comercial, outros dizem que perdeu a essência, mas há muitas novas bandas de Black Metal a prosperar. Qual a vossa opinião sobre este assunto?

Estamos ansiosos para cada grande álbum e não temos preconceitos. Acabou-se o tempo de ganhar dinheiro com o Black Metal e com uma vida só de arte. Ainda amamos produções underground, mas também escolhemos bandas estabelecidas com grande produção, etc. Tem que libertar emoções, nada mais.


M.I. - Podem partilhar uma mensagem final com os leitores da Metal Imperium e os fãs da banda? Tudo de bom para vocês como indivíduos e como Imperium Dekadenz!

Muito obrigado pelo apoio. Como mencionado antes, nós esperamos ter a oportunidade de tocar em Portugal.

Ouvir Imperium Dekadenz, no Spotify

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Entrevista por Sónia Fonseca