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Cadaver - "Hyms of Mysanthropy" Review

Os Cadaver são uma banda que tenho acompanhado desde que regressaram em 2019 com o excelente single “Circle of Morbity”, tendo ouvindo com interesse os lançamentos subsquentes. Agora, com Hyms of Mysanthropy sou convidado, a revisitar o passado da banda: estamos perante um lançamento que devia ter saído em 1991, mas só em 2025 é que vai ver a luz do dia.

O single de avanço deste lançamento, “Maltreated Mind Makes Man Manic” abre o disco é um tema psicadélico e descontrolado, o que nos remete para os Today is The Day, especialmente com a sua dissonância e a bateria frenética de Ole Bjerkebakke. A voz em si é quase limpa em determinados momentos e as guitarras de Anders Odden esquizofrénicas, lembrando o que podemos ouvir em lançamentos mais recentes dos japoneses Sigh.

O tema seguinte, “Chained to His Fate” é mais directo, com a bateria agressiva e ao centro, com guitarras aceleradas (o solo a meio é curto e eficaz). Infelizmente, a voz é “enterrada” na mistura e pouco perceptível. Destaque-se que neste lançamento as vozes são repartidas entre Anders Odden e Ole Bjerkebakke, se bem que nem sempre são claros os momentos em que isso sucede. Em “Nowhere to Hide” o baixo torna-se audível, uma surpresa agradável no meio do caos instalado pela restante instrumentação.

“Sunset at Dawn” relembra os Mastodon, com os incríveis fills de bateria e com o som de guitarra muito característico daquele grupo. Ao mesmo tempo é o tema que mais aproxima o som dos The Mars Volta do death metal, na minha opinião (a bateria relembra-me a de Jon Theodore no seu segundo LP, Frances The Mute). “From The Past” continua onde o tema anterior parou, começando com um descontrolado solo de guitarra. Aqui, Hyms of Mysanthropy começa a dar sinal de repetição em termos de dinâmica dos temas em si, um dos principais aspectos negativos deste lançamento. Por outro lado, um dos aspectos positivos são os solos de guitarra de Anders Odden, exímios na sua execução. 

Infelizmente, a rotina em termos sonoros começa a assentar: em “Breaking Through”, onde o baixo de Ellet Solstad volta a estar presente; “Misanthropic Anthem” remete para o metal extremo mais clássico na onda dos Celtic Frost; “Death has to Wait” tem como ponto alto a bateria descontrolada; “Drowned in Dreams” encerra o disco de uma forma mais clássica, agressivo e directo. Todos estes temas poderiam beneficiar de arranjos mais complexos como ouvimos logo no início com “Maltreated Mind Makes Man Manic”.

Hyms of Mysanthropy é um disco que remete para o passado de uma banda clássica de death metal escandinavo, mas com um pé no melhor do que se faz neste género actualmente. Acima de tudo mantém a veia psicadélica que os Cadaver começaram a explorar no seu lançamento mais recente, Age of The Offended, um dos pontos altos deste disco. Outros a destacar são claramente a bateria, que brilha em cada tema, e a a guitarra solo, como acima destaquei. No entanto, a variedade oferecida nos primeiros temas tende a dissipar-se à medida que o álbum avança, notando-se a partir de “Breaking Through” e mantendo-se até aos dois temas finais “Through the Pain” e “Drowned in Dreams”.

Nota: 7/10

Review por Raúl Avelar