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Entrevista aos Anathema


Pouco tempo antes da actuação dos britânicos Anathema na última edição do Vagos Open Air, a Metal Imperium esteve à conversa com Vincent Cavanagh, entrevista essa que agora pode ser lida, ou ouvida abaixo.


M.I. – “We’re here because we’re here” porque podemos associar o nome do vosso último álbum com Portugal porque Anathema gosta de cá estar. O que será diferente do concerto no Tivoli, em Lisboa?

É. O Tivoli é um lindo local para tocar. É muito clássico e o meu espectáculo preferido em Lisboa foi mesmo esse. Nós temos uma excelente relação com todos os nossos fãs, mas há algo em Portugal no modo como as pessoas se relacionam com as nossas músicas e é muito pessoal. As pessoas têm as suas histórias de vida e relacionam-nas com as nossas músicas de uma maneira muito especial. Acho que este concerto será mais “selvagem” porque é um festival de verão, todos estão a beber...


M.I. – Mais “selvagem” significa mais pesado?

Eu acho que num festival o pessoal tem uma mentalidade diferente, é mais como uma mentalidade de festa e concertos como no Tivoli, apesar de ter sido fantástico, é um local em que o pessoal está sentado e não se pode mexer tanto quanto quer...


M.I. – Ai pode, pode... eu levantei-me!

Sim? Fixe! Mas num festival ninguém quer saber, todos se querem divertir e essa será a grande diferença! Também é bom termos bons amigos. O nosso teclista agora é português, Daniel Cardoso, e será muito fixe para ele. Acho que a ligação está a crescer e o número de fãs em Portugal também. A banda tem estado muito ocupada, estamos constantemente a escrever novos temas e temos dois álbuns que serão editados em breve.


M.I. – Dois álbuns?

Sim, o primeiro é um álbum clássico e será lançado em Setembro, chama-se “Falling Deeper“ e sairá pela Kscope. E depois, na Primavera, lançaremos um álbum rock. O álbum clássico é muito belo, muito diferente do som a que geralmente estamos associados, é muito emotivo. Usamos uma orquestra verdadeira. Há algo sobre a beleza emocional que não é possível ser produzido em teclado, temos de ter a orquestra.


M.I – E hoje ouviremos algo de novo do segundo álbum?

Este é o primeiro a sair no qual voltamos a trabalhar com material muito antigo, material da primeira demo, temas como “Crestfallen” e “They die” mas soam completamente diferentes por causa da orquestra, é uma cena muito clássica. É como fechar o capítulo de “Hindsight”. Já começamos a trabalhar no próximo álbum rock. Já gravamos 14 temas dos quais escolheremos 10 e queremos completá-lo até ao final do ano, para ser lançado na Primavera. É fixe!


M.I. – Uma curiosidade, dos 14 temas que gravais, escolheis 10 e o que acontece ao resto do material?

Bem, todo o material é bom para ser lançado mas tem que ter o seu próprio EP. Há uma música “The storm before the calm” que é uma faixa épica e muito longa com cerca de 12 minutos. Começa de modo electrónico, com sintetizadores e baixos e muda para um tom que é muito groovy, com o som dos sintetizadores, é como uma bateria e depois tem uma segunda parte em que tem uma orquestra completa muito emotiva. É uma faixa enorme e não a conseguimos encaixar num álbum. Já tentamos e não conseguimos mesmo, por isso acho que será a faixa principal de um EP para poder respirar, percebes? Quando rodeias um som assim com muitos outros sons, é difícil de assimilá-lo, portanto o melhor é deixá-la respirar por si, deixá-la ter o seu momento especial juntamente com outros dois ou três temas e ser um EP.


M.I. – A promoção do vosso último álbum tem tido muito sucesso em todo o mundo. Foi positivo?

Foi, foi. Voltamos agora da América do Sul e apesar de os nossos álbuns só estarem lá disponíveis através de importação, a audiência sabe as letras de todos os temas. A reacção em todo o mundo tem sido espectacular. As pessoas apercebem-se que nós atingimos um nível em que a nossa música tem um novo som, uma nova maturidade na escrita. Acho que este álbum é definitivamente o meu favorito até agora, pelo menos até termos um novo!


M.I. – Dois...

Sim, dois...


M.I. – Uma última questão sobre os novos álbuns... como será a tournée para esses álbuns? Disseste que terias algo especial, talvez uma orquestra a acompanhar-vos... como ireis gerir isso ao vivo?

Se tocarmos com orquestra terão de ser situações pontuais, porque não é possível levar umas orquestra em tournée, são muitas pessoas e é muito caro.


M.I. – Então serão concertos únicos e não em festivais.

Sim, concertos únicos e algo especial. É algo que envolve muito planeamento, mas talvez usemos orquestras diferentes, por exemplo uma portuguesa, uma polaca...


M.I. – Ah, tentareis escolher uma orquestra do país em que tocareis?

Sim, isso faz sentido, mas de qualquer das maneiras isso exigirá ensaios intensivos...


M.I. – Pois, a pré-produção desses concertos iria requerer muito trabalho...

Primeiro teremos de adaptar o que tocaremos com a orquestra e depois teremos de escolher um local para o concerto que seja semelhante ao local em que ensaiamos. Depois aproveitamos para ensaiar com a orquestra real na semana antes do espectáculo.


M.I. – Uma semana chega?

Sim, é capaz de chegar.


M.I. – Tu é que és o músico, devias saber melhor do que eu...

Os músicos clássicos são bons profissionais e estão muito bem treinados, conseguem fazê-lo de olhos fechados mas é bom estar bem preparado.


Entrevista por Dj Mr Kool / Pedro Gonçalves