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The Flower Kings - "Banks of Eden" Review

Se já é difícil para um novato entrar na discografia daquilo que é a entidade The Flower Kings, quanto mais descreve-los. Para quem não conhece, falamos de uma das grandes bandas de culto do chamado prog rock, que sempre se absteve de dar o passo rumo à simplificação comercial, mantendo-se no seu canto “underground” onde são venerados. Como tal esta critica será feita na perspectiva de quem irá abordar o colectivo pela primeira vez, na ânsia de que outros o façam também.

Banks Of Eden é já o 12º disco de uma discografia que começou em 1994 com o álbum homónimo. Logo à partida existe na música deste colectivo uma dicotomia muito forte entre a vertente prog, dos padrões complexos e das letras que nos obrigam a meditar sobre o seu conteúdo, na maioria das vezes metafórico, e da componente psicadélica que faz o ouvinte relaxar e deixar a sua mente fluir através das paisagens sónicas criadas pela banda. É como se os The Flower Kings tivessem passado a vida a ouvir o Nursery Cryme e o Dark Side Of The Moon mas ao mesmo tempo tivessem um apreço especial por Abbey Road, e fossem convictos apreciadores de jazz. Ouçam por exemplo a faixa inicial, Numbers, com os seus 25 minutos de duração, e acreditem que se trata de uma viagem e tanto. Provavelmente só com umas 10 audições se começa finalmente a distinguir de cabeça todas as diferentes partes que a compõem, mas a magia está mesmo aí, porque pouco a pouco o interesse pela faixa vai aumentando cada vez mais, e os 25 minutos na nossa mente passam a ser cada vez menos.

Também ajuda ter músicos cujo nível vai bem para além da simples competência. Roine Stolt, perdoem-me a blasfémia, chega mesmo a conseguir invocar Gilmour nas suas longas divagações com as 6 cordas, para já não falar da sua voz, muito na onda John Lennon, que faz um casamento excelente com a voz mais bluesy do outro guitarrista Hasse Fröberg. Destaque também para as ambiências psicadélicas que vêm das teclas de Tomas Bodin, e para o novo integrante, Marcus Liliequist, que é já o quarto elemento a preencher este lugar desde a formação da banda.

Banks Of Eden, poderá não ser um disco fácil, mas é de muito bom gosto. Será ele um bom ponto de partida para entrar na música dos The Flower Kings? Eu diria que sim, que vale a pena tentar descobri-lo, mais que não seja para relaxar de um dia stressante com os devaneios do tema final Rising The Imperial, e depois…porque não voltar atrás e ouvir o resto?


Nota: 8.7/10

Review por António Salazar Antunes