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Skálmöld - "Bórn Loka" Review


Skálmöld: palavra islandesa usada para descrever os sangrentos conflitos entre as grandes famílias da Islândia do século XII, de acordo com a fonte da Metal Archives. E ao ouvir Bórn Loka, o segundo disco deste colectivo de Reykjavík, fica sem dúvida a ideia de que o nome lhes assenta que nem uma luva.

Certo é que este país que já tão bons nomes deu à música, com Sigur Rós e Björk logo à cabeça, parece pouco a pouco querer construir uma cena metaleira, que terá porventura neste momento como principal embaixador os Solstafir. Os Skálmöld ao invés de entrarem por ambiências post rock dos criadores de Köld, mostram-nos uma abordagem muito menos abrasiva, e de certa forma mais reminiscente daquilo que se faz na Escandinávia.

Daí que ao ouvir a introdução Odinn, o suspense sobre a sua sonoridade cedo se esvai, afinal de contas é de folk que aqui se fala, mais bélico do que festivo, que é como quem diz, mais a puxar para o aquilo que os Týr fazem, do que propriamente Korpiklaani.

Num género tão peculiar e desgastado como este, já não se pede que se volta a descobrir a roda, apenas que as bandas mostrem o mínimo de vontade e empenho, e isso os Skálmöld têm para dar e vender, isto porque Bórn Loka é sem dúvida uma boa surpresa. Não são apenas gélidas paisagens que este disco invoca, é também um certo sentimento trágico que um tema como Hel tão bem consegue capturar, ou a fúria viking de Fenrisulfur, cujo riff é um autêntico soco de energia.

Como seria de esperar, os Skálmöld cantam-nos em islandês, mas este é mesmo um daqueles casos felizes em que a música é mais do que suficiente para nos narrar a fantástica e perigosa aventura dos irmãos Hilmar e Brynhildur, conceito que atravessa um disco, que culmina no épico Loki, uma composição que sumariza de forma quase perfeita, tudo aquilo que o disco entretanto nos ofereceu.

Mesmo que não haja nada de inovador em Bórn Loka, há que aplaudir a audácia destes islandeses, que conseguem estabelecer um bom equilibro em todas as ambiências que evocam, e capacidade de contar uma história através de uma componente instrumental muito forte, e uns quantos registos vocais, que vão desde coros até berros.

Um disco que se aconselha, até mesmo a quem nunca teve muita paciência para este tipo de excentricidades.

Nota: 8.7/10

Review por António Salazar Antunes