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The Foreshadowing - "Second World" Review


Uma imagem por vezes vale mais que mil palavras. Então no caso dos The Foreshadowing, ao vislumbrar a capa deste Second World, várias percepções poderão surgir na cabeça de quem a contempla. O cenário caótico da guerra, a tristeza de refugiados que percorrem um caminho desolador na esperança de encontrar uma luz ao fundo do túnel, ou um cenário apocalíptico mundial. Seja o que for que o mestre Travis Smith tenha pretendido representar nesta obra-prima, esta alerta-nos que não encontraremos de nada de alegre ou de reconfortante neste disco. Este será sem dúvida um daqueles momentos de perfeita sintonia entre ilustrador e músicos.

Mas falemos da banda e do produto musical que é para isso que serve este espaço. É curioso o caso destes italianos. Poder-se-á argumentar que em três discos pouco ou nada mudou na música deste colectivo, mas verdade seja dita há qualquer coisa de diferente na sua sonoridade. Imaginem uma base de rock gótico dos anos 80, com a atmosfera de Discouraged Ones dos Katatonia, e podem ter uma pequena ideia daquilo que se passa em Second World.

Convém no entanto dizer que em termos instrumentais, a banda está bem longe do minimalismo dos suecos, visto haver sem dúvida uma grande enfase e preocupação nos detalhes. Embora Second World seja um disco bastante homogéneo, há aqui muito para ser explorado com atenção. Para já a banda teve a feliz ideia de contar com uma espécie de coro gregoriano em algumas músicas, o que lhes dá uma atmosférica bem mística, e quando o ouvimos no final de um tema como Noli Timere sobre um ritmo cadenciado, então é quase garantia de um arrepio a percorrer a espinha. Raramente a banda foge de compassos mais lentos, e mesmo quando o faz, como em Outcast, o resto dos instrumentos estão lá para construir a atmosfera bucólica que é intrínseca a todo o resto do disco

Destaque especial para a faixa título do disco, um autêntica elegia fúnebre, acentuada pelos teclados frágeis e pela voz “carregada”, mas melódica de Marco Benavento. Atenção também para o excelente break de guitarra (dificilmente se poderá chamar de solo) sobreposto a um ritmo quase bélico, que evidencia ainda mais a aura depressiva do tema.

É pena que nem todas as faixas estejam ao mesmo nível, porque senão teríamos aqui um disco verdadeiramente imenso, mas que já está num nível superior, disso não haja dúvida nenhuma. Um trabalho bastante orgânico, a descobrir de preferência com o humor a condizer.

Nota: 8.3/10

Review por Fernando Ferreira