Os polacos Riverside dispensam apresentações. De facto esta é uma banda que se tem demonstrado uma das melhores da música progressiva da actualidade, sendo capazes de transmitir uma incrível virtuosidade técnica, mas também uma imensa profundidade emocional na sua música. Quatro anos após o lançamento de "Anno Domini High Defenition", a banda lança o seu quinto longa duração trazendo um registo de grande qualidade.
A dança progressiva tem início com "New Generation Slave", com uma prestação vocal bem sentida pela parte de Mariusz Duda, envolta numa atmosfera ligeiramente melancólica e soturna, mas que sofre uma transformação carregada de groove com riffs viciantes e uma dinâmica bastante cativante, marcando o mote para o que se vai seguindo. Depois do surpreendente início, segue-se "The Depth of Self-Delusion" que aumenta logo a fasquia do tema anterior com um andamento mais modesto, mas muito mais envolvente e que obriga o ouvinte a deixar se rodear por uma musicalidade extremamente completa e extasiante, com diferentes texturas atmosféricas bem preparadas pelos polacos. Após o primeiro single revelado, a extremamente viciante "Celebrity Touch", segue-se "We Got Used To Us", onde o ritmo abranda consideravelmente e temos uma faixa mais intimista que abre mais espaço para a voz extremamente sentida de Mariusz Duda se manifestar acompanhada por um piano e uma sonoridade mais minimalista, mas nem por isso menos intensa. É já chegando a meio álbum que nos apercebemos do que temos entre mãos, um trabalho com um nível de composição extremamente competente e surpreendente, dando ao ouvinte música com uma dinâmica que se torna de capaz de evocar emoções tão distintas e ainda assim muito bem-vindas. É depois de "Feel Like Falling", que pela atmosfera invoca um pouco os grandes Genesis, que nos surgem os dois temas mais longos do disco. "Deprived" mergulha o ouvinte numa dormência doce que o carrega para longe de tudo e nos convida a dar um passeio bem agradável na avenida da melancolia. Com uma atmosfera mais "jazzy", chega o capítulo final, "Escalator Shrine", que mostra a versatilidade e a simplicidade com que os Riverside conseguem congeminar excelentes temas sem grandes extravagâncias que, muitas vezes, deitam tudo a perder.
Em suma, "Shrine of the New Generation of Slaves" é um álbum extremamente completo com tudo a que um bom álbum de metal progressivo tem direito e sem excessos de cariz algum, o que lhe dá uma harmonia modesta, mas bastante representativa do seu conteúdo e da qualidade crescente destes músicos.
Nota: 9/10
Review por Ruben Mineiro