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Eisregen - "Krebskollektion" Review


Um dos nomes fortes do metal extremo alemão que nunca passou muito das fronteiras do seu próprio país, apesar do seu sucesso e infâmia. Infâmia porque os Eisregen conseguiram o feito de ter dois álbuns, "Farbenfinsternis" (de 2001) e "Wundwasser" (de 2004) banidos no seu país natal na chamada Lista A, ou seja, não podem ser vendidos a menores ou tocados em cima de um palco na Alemanha e outros dois, "Krebskolonie"  (de 1998) e "Fleischfestival" (EP de 1999) banidos na Lista B, não podendo ser vendidos (nem mesmo a adultos) ou tocados ao vivo. É daqueles casos que surpreendem por ainda acontecerem nos dias de hoje, neste novo milénio.

Com algo assim, a curiosidade para esta compilação que reune os temas que não foram banidos dos álbuns em questão - apenas certos temas foram banidos, nada os proibiu de fazer uma compilação com os outros restantes apesar da censura aos álbuns de onde são retirados - e sendo um duplo CD ainda traz sete músicas inéditas. Quanto ao primeiro CD e considerando que os Eisregen têm todas as letras em alemão, não dá para ter ideia do estilo de imagem lírica que é explorada pela banda mas em termos sonoros, não impressiona. Pelo contrário. Um som cru, fraco, com teclados que parece que saíram de um filme de terror espanhol dos anos setenta, o que se pode ouvir aqui é uma espécie de cruzamento entre death metal e black metal, com orquestrações simplisticas, guitarras com som manhoso e um vocalista que com um timbre arranhado que se torna demasiado cedo unidimensional.

Consegue notar-se a evolução ao longo das faixas, já que os álbuns onde são retirados vão de 1998 a 2004, no entanto, não há nada que desfaça a imagem descrita atrás de som amador, tirando os últimos temas "Ein Jahr Im Leben Des Todes", "Mein Eichensarg", "Blutgeil" e "Glas" que são bastante favorecidos pela produção e têm até um feeling folk bem agradável. São os melhores temas do primeiro CD, de longe. Quanto ao segundo CD, começa com "Brut", uma nova faixa, ao estilo neo-clássico, com um ritmo marcial, passando depois para um sucesso dos Falco, "Mutter Der Mann Mit Dem Koks Ist Da" que nos diz muito pouco a todos nós portugueses mas que pelos visto em terras germânicas foi um grande sucesso. Uma faixa com batida electrónica que simplesmente não convence.

Depois temos regravações para os temas "Fleischhaus" e "Scharlachrotes Kleid", intercalados por outra música nova intitulada "Engelmacher", que mostra um lado bem electrónico, quase de dança dos Eisregen. Provavelmente a nova direcção da banda, uma espécie de mistura entre os Rammstein e os Laibach, mas em mau. As regravações por outro lado são bastante boas. Ainda antes de terminar temos uma cover dos Death (!), do clássico "Leprosy", a "Born Dead". Com uma bateria programada, e guitarras igualmente sintéticas, o resultado não faz jus ao original. Termina com uma versão ao vivo da "Blutgeil", com um som surpreendentemente bom.

No geral é uma compilação que provavelmente passa ao lado de todos aqueles que vivem fora da Alemanha e que também não tem assim tanta qualidade que justifique o interesse daqueles que vivem no país, a não ser, claro, pelo interesse histórico e por ser uma forma de ter as músicas não censuradas que de outra forma não estariam disponíveis. Além da edição normal, também foi lançado em digipack limitado a três mil cópias e em vinil, duplolimitado a quinhentas cópias numeradas à mão. Lançamento histórico, até se concorda, essencial, muito longe disso. É mais para alemão ver. Ou ouvir.
 
Nota: 4/10

Review por Fernando Ferreira