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The Prophecy - "Salvation" Review


Os The Prophecy, quando surgiram nos inícios da década passada, no Reino Unido, tornaram-se uma coqueluche do underground britânico e foram depositadas neles a esperança de serem os próximos Paradise Lost, My Dying Bride e Anathema, todos num só. Isso acabou por não acontecer, o que também não é surpresa, mas não impediu que fossem crescendo aos poucos, embora não de acordo com a qualidade da música que foram lançando em três álbuns de bom doom metal. "Salvation" é o quarto álbum e aqui o death metal é apenas uma nota no rodapé, provado pelo longo tema título que abre o álbum, onde Matt Lawson canta sobretudo com vozes limpas, tendo alguns momentos guturais pelo meio.

O que salta ao ouvido, é mesmo o sentimento progressivo que a banda desenvolveu na perfeição, demonstrando também influências não só do trio atrás mencionado, mas também dos Katatonia e Opeth, não chegando no entanto ao sentido melódico e catchy dos primeiros, nem à intensidade dos segundos. Há, todavia, todo uma força que músicas como "Released" ou "In Silence" têm, uma força que não passa por guitarras distorcidas, nem blastbeats, mas pelo ambiente criado, que faz com que o ouvinte seja sugado para o seu interior, não percebendo bem a razão porquê. A faixa mais directa acaba por ser a "Reflections", a única com a marca do tempo abaixo dos dez minutos, mostrando que os The Prophecy são versáteis o suficiente para colocar em quase cinco minutos toda a intensidade que normalmente demoram dez minutos a colocar.

"Salvation" acaba por tornar-se um álbum essencial para todos os amantes do Doom, não querendo ir na onda do entusiasmo e dizer que é o trabalho pelo qual os fãs dos My Dying Bride esperam (ou qualquer uma das outras influências da banda), até porque os The Prophecy têm a sua identidade definida, mas é sem sombra de dúvidas, um dos lançamentos de Doom do ano até ao momento, que junta de forma brilhante as regras do estilo com um sentimento progressivo que os tornam, não diria únicos, mas irresistíveis.
 
Nota: 8.6/10

Review por Fernando Ferreira