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Rorcal - "Világvége" Review


É com uma intro, intitulada de"I", que dá início este terceiro álbum da banda suiça Rorcal mas não se pense que se tem uma passagem sinfónica ou sintetizadores a debitar melodias com a intenção de meter medo ao ouvinte. Com a bateria a marcar o ritmo de forma lenta, vai aparecendo no fundo um drone ameaçador que impõe respeito e realmente marca o ambiente de forma intensa. A forma certeira para apresentar "D", um tema monolítico que por quase dez minutos oprime de forma violenta, isto tudo a ritmos paquidérmicos.

E nem se dá pela chegada de "Black II", que arrasa tudo na sua frente, ao estilo mais caótico do black metal, algo próximo daquilo que os  Anaal Nathrakh fazem, mas mesmo assim uma identidade própria. Se os títulos são enigmáticos, ao ler o press release, tal deve ficar mais claro ("Quando o Doom transforma-se em Black, não se pode esperar nada mais que caos"), assim sendo "I" deverá ser vista como "Intro", "D" como "Doom" e "II,"V", "IV", "VII", "VI","VIII" como "Black II", "Black IV" e assim sucessivamente - que são as designações usadas na edição promocional que recebemos.

Ora seria de esperar que o facto de ter duas primeiras faixas na onda do drone e do doom, e as restantes dentro de um espírito mais black metal, que o álbum fosse algo disperso mas é incrível a coesão que é conseguida mesmo que os estilos sejam tão díspares na sua forma, não o sendo, no entanto no desespero que passam, quando é capturada a sua essência mais pujante. A faixa "V" levanta o pé do acelerador um pouco em certos momentos, mas no geral a intensidade continua em alta, intensidade essa reforçada com a brutalidade de "Black IV". Só para meados da "Black VII", é que os ritmos acalmam mais um pouco, sendo que até ao final do disco, a coisa anda entre o black e o doom.

É um álbum impressionante pela energia que transmite. Energia negativa. Já muito se falou em apocalipses sonoros, sendo que Neurosis é uma das bandas recordistas, provavelmente, no entanto, o cataclismo aqui enunciado é violento, é dramaticamente violento, uma intensidade desmedida, não só nas emoções que transmite e obriga o ouvinte a viver, como na forma em que tal é apresentado. Este álbum, definitivamente, não é para todos e é por isso que é tão especial.
 

Nota: 8.3/10

Review por Fernando Ferreira