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Progenie Terrestre Pura - "U.M.A." Review


Há um detalhe que não é referido tantas vezes como deveria nas críticas musicais, reconhecendo e assumindo a quota parte de responsabilidade nesse facto, tem que se admitir que a capa de "U.M.A.", o álbum de estreia dos italianos Progenie Terrestre Pura, dá vontade de desejar o lançamento em vinil para que se possa apreciar a arte no tamanho em que ela merece ser apreciada. Quanto à música, é o equivalente sonoro à representação gráfica do trabalho, pós black metal ambiental e futurista.

Com uma introdução na faixa título bem ambiental e com o uso da electrónica a aprofundar esse mesmo efeito, o álbum começa da melhor forma, deixando o ouvinte meio na expectativa, sem saber bem o que esperar daqui. As ambiencias são invadidas por algumas características do black metal, e as duas convivem lado a lado, numa excelência que primeiro se estranha, mas depois se entranha. Para quem julgasse que o black metal não conseguia provocar um efeito de relaxamento, esta é a faixa ideal para ouvir - claro que há aqueles que vão dizer sempre que isto não é black metal, e é uma discussão da qual não existem vencedores.

Com cinco faixas longas (a mais pequena tem sete minutos), o álbum flui bem, apostando nas ambiencias para cativar o ouvinte, onde por vezes a repetição hipnótica também tem uma palavra a dizer (como é o caso na excelente "Sovrarobotizzazione") sempre usada de forma magistral. Com a electrónica quase sempre a tomar o lugar dianteiro ( como na "La Terra Rossa Di Marte"), este acaba por ser, por incrível que pareça, o maior trunfo do álbum, conseguindo com que este tenha um pouco do impacto que o "Demanufacture" dos Fear Factory (com as devidas distâncias), numa abordagem mais etérea, mais épica.

Poderão acusar "U.M.A." (que significa Uomini, Macchine, Anime) de ser um álbum que demasiadas vezes toca na mesma tecla e de talvez não conseguir integrar completamente as duas vertentes, a parte mais extrema com a mais ambiental, e em certa parte até poderão ter razão. Não é uma fórmula perfeita, até poderá ser cansativa, no entanto, mesmo sem ser perfeita, mesmo o resultado sendo falível, a verdade é que este é um álbum de estreia que faz com que se queira esperar ansiosamente pelo segundo e coloca a fasquia bem alta para esse trabalho. A margem de progressão que a estreia demonstra é aquilo que faz com que se espere ansiosamente pelo segundo álbum. Até lá, este roda até à exaustão.
 
Nota: 8.8/10

Review por Fernando Ferreira