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Entrevista aos Sólstafir


Os Islandeses Sólstafir são criadores de uma música única e diferente. Quase a celebrar vinte anos de carreira, decidiram relançar o álbum de estreia ‘Í Blóði Og Anda’ e já estão a preparar novo álbum e tournée para o próximo ano. Gummi conversou com a Metal Imperium sobre o passado, o presente e o futuro.


M.I. - ‘Í Blóði Og Anda’, o vosso álbum de estreia, foi originalmente lançado em 2002 e vai ser relançado com um disco extra de material não editado previamente. Porque é que a Season Of Mist decidiu relançar este álbum?

“Í blóði og Anda” foi lançado em 2002 e só lançamos umas duas mil cópias e relançamo-lo na Rússia mais tarde com mil cópias… esgotou completamente e tem sido muito complicado arranjá-lo hoje em dia. Achamos que já estava na hora de torná-lo disponível novamente para os fãs, muitos dos quais nunca tiveram oportunidade de o ouvir.


M.I. – Se os Solstafir estivessem agora a iniciar actividade, quão diferente seria a vossa discografia? Quais seriam as maiores diferenças?

A grande diferença é que ainda não teríamos lançado nenhum álbum!


M.I. – Em Outubro ireis tocar pela primeira vez nas Ilhas Faraó com os vossos amigos Hamferð. Qual a importância deste concerto?

Em termos de carreira não é assim tão importante mas, pessoalmente, é um concerto especial para nós. O pessoal dessa ilha é basicamente nosso vizinho (apesar de Gronelândia ser mais perto geograficamente) e têm uma cultura similar à nossa, no entanto nunca estivemos lá. Este também é o concerto que marcará o lançamento do álbum de estreia dos Hamferð, por isso vai ser espectacular poder estar lá e celebrar com eles.


M.I. – Estais actualmente a preparar o novo álbum que deverá sair em 2014, o ano que marcará o vigésimo aniversário da vossa existência. O que podemos esperar deste álbum?

Nós só celebraremos vinte anos em janeiro de 2015, se contarmos a partir da data do primeiro ensaio, tal como eu faço. É difícil dizer o que se pode esperar, até mesmo para mim. A nossa música é tão viva que muda constantemente. Muda durante o processo de escrita, muda durante as gravações e muda mesmo depois de termos lançado os álbuns. Nós tentamos nunca escrever o mesmo tema ou o mesmo álbum duas vezes, portanto não esperem que seja “Svartir Sandar part 2” ou “Köld Part 2”. Este álbum vai ser completamente diferente mas terá a marca de Sólstafir, sem dúvida alguma. Antes disso, ainda teremos uma pequena surpresa preparada com uns amigos nossos… talvez em Dezembro!



M.I. – Actualmente estais no processo de escrita/gravação do álbum? Qual tem sido a vossa maior inspiração?


É difícil dizer porque nunca sabemos de onde vem a inspiração, simplesmente deixamos a música fluir. Nunca decidimos antecipadamente qual a direcção que o álbum deve tomar. Sinceramente não controlamos a música, ela é que nos controla a nós.


M.I. – Os Sólstafir não gostam de estar confinados a um certo modo de pensar, apreciais ver mais além… achas que é isto que vos permite ser tão criativos? As mentes fechadas matam a criatividade e a inspiração?

Se tocares numa banda de death metal e só ouvires Suffocation, vais soar como eles. Para nós sempre foi importante, tanto como banda e indivíduos, ter uma mente aberta para a música e para a arte. Os nossos gostos musicais são extremamente variados e há sempre algo que nos marca de uma maneira ou de outra. Também não temos regras, tabus ou obstáculos na composição de temas. Por vezes, surpreendemo-nos a nós próprios e pensamos que não devemos fazer algo de determinada forma mas depois fazemos à mesma.


M.I. – 2014 parece promissor já que lançareis o novo álbum e já tendes alguns concertos e festivais marcados… estais entusiasmados? Ireis preparar algo especial?

É promissor de facto! As ofertas para festivais estão a chegar em catadupa e estamos entusiasmados por ver como o pessoal reagirá ao novo álbum. Mas, honestamente, a parte mais excitante, pelo menos para mim, é ouvir os temas que estão a “nascer”. É um sentimento espectacular quando escreves um tema que realmente aprecias! Ainda não pensamos muito para além disso mas claro que, quanto aos concertos, queremos surpreender, tal e qual como uma tempestade de outono islandesa! (Risos)


M.I. – Os vossos álbuns são sempre bem recebidos pela crítica e já entraste em algumas tabelas de vendas… imaginaste que tal aconteceria?

Sim e não! Claro que não esperávamos entrar no top mas, e sem querer parecer arrogante, nós sabemos que os nossos álbuns (ou melhor a música já que os álbuns têm falhas) são bons e únicos. Nunca levamos nada por garantido e, apesar de estarmos contentes com um álbum, nunca sabemos a reacção das pessoas. Sinceramente, nunca pensamos muito nisso, ainda fazemos música para nós próprios como sempre fizemos. Não consegues convencer os outros se tu próprio não estás convencido!


M.I. – Por acaso tendes uma explicação lógica para o vosso sucesso já que a maioria das vossas letras está escrita em islandês?

Porque a música é suficientemente boa para se aguentar sozinha sem as letras?! E há pessoal que aprecia o sentimento que a linguagem islandesa confere aos temas, apesar de não a compreenderem. Mas acho mesmo que as letras realçam o sentimento e a “onda” da música, por isso os sortudos são aqueles que compreendem as duas.


M.I. – Como grande fã de Duran Duran já pensaste em tocar um tema deles? Se sim, qual e porquê?

Já há imenso tempo que falamos disso e queremos realmente avançar. Não quero dizer muito porque não sei quando teremos tempo para tal. Gostaria de tocar “Night Boat” porque acho que encaixa perfeitamente no nosso estilo. Mas os Duran Duran têm tantos temas clássicos que adoramos: Wild boys, Planet Earth, A View To a Kill (melhor tema de sempre do filme James Bond!), Hungry like the Wolf, Anyone out There, Girls on Film e Rio. Pessoalmente não sou grande fã de Save a Prayer. Até aprecio alguns temas mais recentes como Come Undone e Ordinary World. Eles têm tantos temas com qualidade!


M.I. – Como é ser uma banda de metal na Islândia? Como é a cena aí? Há bandas que mereçam destaque?

Há imensas bandas boas e de alta qualidade, tal como se pode verificar no festival Eistnaflug dedicado ao hard rock/metal e no qual 90% das bandas participantes são islandesas, mas todas deveriam ter destaque na cena musical internacional. O pior é mesmo o isolamento geográfico, pois não podemos deslocarmo-nos de autocarro para fazer uma tournée na Europa e mesmo que as bandas tenham oportunidades para concertos/festivais europeus, é sempre muito caro ir para lá. Para nós, por exemplo, uma grande parte dos lucros dos festivais é para cobrir despesas de vôos ao passo que o mesmo não se passa com as bandas que vivem no continente europeu. Isto faz com que se torne mais complicado ter a banda como emprego a tempo inteiro, apesar de nós o conseguirmos fazer. Como referi, há imensas bandas aqui que merecem atenção assim como o festival Eistnaflug (que é o melhor festival do mundo!)… se pesquisares vais encontrar muitos nomes mas deixo aqui alguns, tais como: Legend, Kontinuum, Sagtmóðigur, Strigaskór Nr. 42, Brain Police, Dimma, Skepna, Agent Fresco, The Vintage Caravan, Momentum, Skálmöld, Angist, Gone Postal, We Made God, For a Minor Reflection, Ophidian I, Beneath, e muitas outras. A maior parte delas estão no facebook.


M.I. – Se fossem convidados para dar um concerto de beneficência, qual a causa social que escolheriam e porquê?

Por acaso já fizemos isso para a organização islandesa Blátt Áfram que luta contra a violência sexual infantil.



M.I. – Uma questão mais pessoal: porque é que te chamam Gummi? Por acharem que és doce e fofinho como um ursinho de goma?!


(Risos!) Não! É uma tradição islandesa. Na Islândia temos o hábito de encurtar os nomes e a regra básica é retirar a primeira letra e uma consoante do nome e dobrá-las, terminando a palavra em “i” para os homens e em “a” para as mulheres. Dou-te alguns exemplos para me explicar melhor: Guðmundur = Gummi, Svavar = Svabbi, Sigríður = Sigga, Sigurður = Siggi, Magnús = Maggi, Margrét = Magga.


M.I. – Como fotógrafo já fizeste ou pensaste fazer um livro de fotografia ou uma exposição?

Já fiz algumas exposições com outros artistas aqui na Islândia. Fazer um livro seria um sonho tornado realidade, porque acho que é a forma perfeita para as fotografias. Nem todos apreciam observar fotos em paredes duma galeria ou museu e nem todos conseguem comprá-las para as pendurar nas paredes em casa. Encontrar alguém para as publicar é muito semelhante a tentar arranjar uma editora musical, tens de trabalhar muito e publicitar o teu nome. Estou a abrir uma loja num website Etzy onde vendo algumas das minhas fotos profissionalmente impressas em placas de alumínio. Podes encontrar-me lá ou no facebook sob o nome de Heldriver (apesar do facebook ter apagado e banido muitas das fotos).


M.I. – Quando é que os fãs portugueses terão oportunidade de vos ver ao vivo novamente? 

Esperamos fazer uma longa tournée europeia no próximo ano e faremos o nosso melhor para ir a Portugal!

Entrevista por Sónia Fonseca