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Pessimist - "Death From Above" Review


É ponto assente que a cena thrash teutónica, é uma das mais vastas e influentes do cenário metal mundial. Bandas como os Kreator, Sodom ou Destruction são referências do género e influenciaram milhares ao longo dos anos, galgando de geração em geração. Uma das vítimas do rico legado germânico são os Pessimist, banda que lançou em 2010 um álbum absolutamente fantástico, onde falavam de guerra, guerra e, não raras vezes, de guerra. Três anos mais tarde, a banda volta a sair das trincheiras com um projecto mais maduro e ambicioso, que vai tomar de assalto os apreciadores de uma boa batalha.
Analogicamente, o prelúdio de “Feindfahrt” é uma espécie de corneta de guerra que soa antes das duas frentes de ataque avançarem e eclodirem uma contra a outra. No final não haverá pedra sobre pedra, mas isso é só daqui a bocado. Para já entramos em modo bélico com uma malha acessível, fácil de trautear e onde os riffs nem são muito rápidos, mas são quase tão pesados como a dívida pública portuguesa. O bombardeamento prossegue, sem atingir o auge, nas três faixas seguintes com muita velocidade, energia e bons solos. Quase sentimos os panzers e morteiros a virem na nossa direcção!
Com as primeiras frentes de ataque já desfalcadas, é a vez de “Antisocial Bastards” marchar intrepidamente numa longa e brutal intro que vai evoluindo para um thrash viril e musculado, em que a voz de Michael Schweitzer é praticamente dispensada. A faixa termina numa toada algo introspectiva e com um daqueles solos que nos obrigam a voltar atrás, para termos a certeza de que ouvimos bem. O ouvinte continua sob fogo intenso com “Blood Will Flow” e “Don’t Care”, dois mísseis numa toada mais in your face, sem rodriguinhos, em que a crueza, a agressividade e o headbang são o prato do dia. Aliás, estas duas malhas contrastam vigorosamente com todas as outras.
Pelo meio, temos ainda a instrumental “Behind the Veil”, faixa que denota uma veia algo progressiva dos Pessimist, embora de uma forma não declarada. O início é emocional e assemelha-se a um pedido de tréguas depois de tanta destruição e caos causados nas faixas anteriores. A música vai-se camuflando progressivamente até que, quando damos por ela, estamos já em pleno campo de batalha entre solos épicos e um sururu de riffs afiados. Acaba por ser um dos maiores destaques deste arsenal bélico e uma música que resume o que é viajar sem sair do sítio. No final, temos “The Last Bastion”, um tema que serpenteia entre várias toadas durante sete minutos e que encerra um combate intenso, onde não faltou nada.
O que distingue os Pessimist das restantes bandas da nova vaga do thrash é a coragem de arriscar com intros longas, solos intensos e o semblante bélico, que tanto caracteriza a sonoridade alemã. Este “Death From Above” é um álbum que resultaria muito bem como banda sonora de um filme de guerra, porque o álbum é guerra em estado musical. Uma guerra onde não há derrotados, apenas vencedores…

Nota: 9.1/10

Review por Pedro Bento