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Mutation - "Error 500" Review


Para quem não conhece os Mutation, de certeza que ficará surpreendido (mais desconcertado) por este "Error 500", o segundo álbum do projecto composto por por Ginger Wildheart (sim, dos The Wildhearts) e tendo como convidados Shane Embury (Napalm Death), Merzbow, Mark E Smith e Jon Poole (dos Cardiacs). Depois de um álbum de estreia que causou furor, "The Frankenstein Effect", estão de volta para voltar a repetir a dose, embarcando numa viagem esquizofrénica que poderá deixar desnorteado, e até enjoado, quem não está habituado a estas emoções fortes - temos noise, um certo feeling industrial, grindcore, feedback, estruturas e construções musicais alucinadamente matemáticas. E com isto, nem arranhamos a superfície da verdadeira natureza do álbum.

O título nasceu a partir da campanha através da Pledge Music, um site que permite às bandas angariarem fundos para lançarem álbuns. Sendo assim, quando Ginger anunciou a campanha para "Mutation 1" ("The Frankenstein Effect") e "Mutation 2" ("Error 500"), a resposta foi de tal forma massiça de que o objectivo foi atingido em noventa minutos, sendo que na última meia hora até atingir a totalidade da soma, o servidor foi sobrecarregado, fazendo com que a mensagem "error 500" fosse visualizada.

É um álbum de difícil audição com momentos brilhantes, tais como as três primeiras faixas, "Bracken", "Utopia Syndrome" e "White Leg", mas também tem outros momentos menos bem conseguidos - ou mais difíceis de entrar - tais como "Mutations" e "Computer, This Is Not What I...", no entanto, não deixa de ser desafiante. Se há música que tire alguém da sua zona de conforto, este é sem dúvida um deles. Sabendo que é uma comparação descabida, mas isto parece algo que o Frank Zappa faria se quisesse reduzir um pouco o número de instrumentos num álbum. Por vezes entra bem, noutras parece é que é demasiado. Será sempre uma questão de quanto se consegue aguentar, nem é mesmo uma questão de gosto, é mesmo de resistência. É preciso ter coragem, mas também, para aqueles que gostam de música extrema, coragem e mente aberta já deveriam ser um requisito.

Reconhece-se a qualidade e a "genialidade" da obra, mas terá que se admitir que isto é um daqueles álbuns para ouvir de vez em quando, tendo atingido um patamar de extremidade que o torna impossível absorver de forma leviana e repetida. Se se quiser manter a sanidade, claro.
 

Nota: 6/10

Review por Fernando Ferreira