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Tortorum - "Katabasis" Review


Tocar black metal e ter origem norueguesa é ainda uma vantagem de marketing nos dias de hoje. Maior vantagem se torna quando além da localidade geográfica, existe a qualidade sonora que a mesma sugere, ou seja, é black metal como se espera que se ouça oriundo da Noruega, sem experimentalismos, sem "pós" quer que seja - não que haja algo de errado com isso, mas é uma boa fonte de segurança para alguém que é teimosamente fiel ao seu black metal bruto, frio e agreste, tal como uma tempestade de neve na Escandinávia.

Assim sendo, "The Great Appetence" não engana ninguém, após a "Descensus", intro de dois minutos que até poderia enganar alguém. Além de toda a agressividade própria, existe o ambiente que é bastante próprio do black metal e que muitos tentam (re)criar, sem sucesso. Bem, ele está aqui presente e em toda a sua glória. Ao ouvir uma música como "As The Light Falls To Slaughter", o chifrudo que há no interior de cada metaleiro sorri de satisfação porque o seu trabalho foi feito na perfeição. Riffs em tremolo picking, blastbeats mas variação na bateria o suficiente para manter as coisas interessantes e com o baixo a cumprir o seu papel que não é mais que acompanhar ora a guitarra ora a bateria. A voz é a cereja em cima do bolo, blasfemando como se não fosse amanhã, aumentando em muito os níveis de agressividade.

De certa forma, e a apesar de haver zero progressão em relação ao primeiro álbum editado dois anos atrás ou em relação a tudo o que já foi feito dentro do género, é bom ter-se algo como "Katabasis", algo que que se identifica facilmente e com o qual se sabe o que se pode contar. Se se for fã de black metal escandinavo, ainda melhor, é um prato cheio. A qualidade técnica é comparável à de composição, onde conseguem surpreender em faixas como "Open Wide The Gates Of Chaos" e "Attributions To The Dead" (a primeira uma das mais brutas do álbum mas também com umas passagens melódicas de eficácia inesperada, a segunda emprega também melodia, mas de uma forma mais macabra) e a ""Beyond The Earth And Air And Sun", uma música de dez minutos que coloca a palavra épico no currículo dos Tortorum, de longe a melhor faixa do álbum.

É a confirmação do talento dos Tortorum, uma banda que não deverá precisar do terceiro álbum para se ter a certeza de que, no que diz respeito a black metal, eles estão muito bem posicionados para se tornarem uma banda de culto.


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira