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Brimstone - "Mannsverk" Review


Ao quarto álbum, os noruegueses voltam às suas raízes. Isto pode parecer estranho porque à primeira vista, este nome é novo. Na verdade, os agora Brimstone, chamavam-se The Brimstone Solar Radiation Band. O último álbum foi uma extravagância a nível de complexidade de arranjos e variedade de instrumentos pelo que este "Mannsverk" é um regresso à simplicidade das origens, não só da música, mas da música rock. Não se pense, no entanto, que este trabalho é básico. Tudo menos isso. A simplicidade das origens é uma capa que esconde a bateria irrequieta, as constantes melodias intricadas de guitarras e teclados e o baixo saltitante. Esconde e engana. Haverá de certeza quem acabará por procurar a data do lançamento.

Auto-produzido pela banda no seu próprio estúdio, é um trabalho com um delicioso espírito vintage, que apesar de todo o revivalismo e onda retro que tem atravessado todos os sectores da música pesada, não é muito comum encontrar. Progressivo com uma forte tendência para o psicadelismo viciante ("Flapping Lips At Ankle Height") e misturando até uma espécie de influência de Enio Morricone nas bandas sonoras dos filmes western-spaghetti do Sergio Leone ("The Fixed Wheel"), ou a calma acústica de "The Giant Fire", que vai vendo serem adicionados elementos, mas sem nunca perder de vista a simplicidade algo pop que a compõe.

Este álbum é surpreendente e é mais um daqueles que exige tempo, espaço e concentração. Exige repetidas audições. Assumidamente, não é um álbum para esta era digital, no entanto, também não é um álbum que viva de hábitos passados a cheirar a mofo. É antes música que se declara imortal, fazendo lembrar uma época (é certo que tem década de sessenta e setenta escrita por todo o lado) mas indo muito mais além do que regras do passado ou até mesmo do presente. Tudo aqui funciona à base de feeling, sentimento e sobretudo vontade de viajar. E para viajar, não se viaja em pouco tempo, é preciso preparação, é preciso abertura de espírito. É preciso uma faixa como "Sjo & Land" ou como "This Is The Universe". Este álbum é daqueles que até poderá passar despercebido, mas manterá-se como imortal durante muito e muito tempo.

 
Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira