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Portrait - "Crossroads" Review


O que é que se passa na Suécia? Será que tem por lá um portal qualquer que vai dar ao passado? Bandas retro é a pontapé por aqueles lados e aqueles que se assemelham mais aos Portrait serão os In Solitude que também partilham a editora. Para aquilo que ao mainstream diz respeito, esse portal está bem escondido, porque este "Crossroads" dos suecos Portrait é já o seu terceiro trabalho e para muitas pessoas vai soar como uma surpresa já que a banda é, de forma criminosa, praticamente desconhecida em relação ao que mereciam, mesmo que o anterior já tinha sido lançado pela Metal Blade e que tenha sido aclamado pela crítica. A editora norte-americana continua a manter a sua aposta na banda, de forma inteligente, diga-se de passagem.

"Liberation" chega de mansinho, em forma de intro acústica que não é mais do que um breve aguardar por coisas mais sérias e interessantes, neste caso, o malhão que é "At The Ghost Gate" e o quão próximo de Mercyful Fate nos deixa. Não é daqueles casos em que se tem um clone de King Diamond - até porque tal é impossível - mas é o conjunto todo que remete para os melhores momentos da clássica banda dinamarquesa. Toda uma aura, todo um feeling que está presente, tal como estava presente em álbuns como "Melissa" ou "Don't Break The Oath", o que para os apreciadores da banda, será um sonho tornado realidade.

Resta-nos aquela questão maliciosa da originalidade, do aproveitar-se do que está feito para ter sucesso. É uma questão válida que surge a cada álbum ou banda retro nova que aparece e a resposta continua a ser a mesma, se for bom, soar honesto, porquê questionar a sua validade? "Crossroads" são honesto e fresco o suficiente para justificar de uma vez só a sua razão de existência e embora faixas como "In Time" e "Black Easter" sejam acompanhadas de um certo feeling de déjà vú, o entusiasmo contagiante que trazem compensa tudo. Só há, no entanto, um problema com "Crossroads". Não há uma faixa que se destaque, que fique marcada. Todo o álbum soa a clássico, mas não há nenhum tema exactamente clássico.

Um problema que apenas assim se torna conforme o álbum vai avançando e não vai ficando nada gravado na mente de quem ouve. Talvez exija ainda mais cuidado na audição do que outras propostas no mesmo género ou que os clássicos exigiram em primeiro lugar, mas a verdade é que este terceiro trabalho não tem o efeito imediato que se desejava ou antecipava. A produção e estruturas vintage encantam momentaneamente mas não marcam profundamente e este é um grande calcanhar de aquiles de "Crossroads". Esta questão não apaga o facto de ser um bom trabalho de heavy metal clássico, que em embora desfasado no tempo, tem validade para existir nos nossos dias.


Nota: 7.4/10

Review por Fernando Ferreira