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Morfin - "Innoculation" Review


Olha-se para a folha promocional deste lançamento e fica-se na dúvida se os Morfin são novos na cena metálica ou se estamos face a uma das muitas reedições de bandas desconhecidas que outrora povoaram o final / início das décadas de 80 / 90. Temos um elemento da banda de óculos (hoje em dia é raro, há que admitir), os cortes de cabelo com franja disfarçam o facto de estarmos no século XXI (atenção não tenho nada contra franjas), as luzes vermelhas tecem uma atmosfera diabólica juntamente com os blusões de cabedal pretos, enfim, cumplicidades estéticas a mais para do acaso se tratarem e eu não acredito nada em coincidências!

De ascendência hispânica (sinal de que coisa boa poderá estar para se ouvir), os Morfin nascem em 2010 na Califórnia, lugar de muito sol, praia, marijuana e Death Metal de qualidade. Podemos até dizer que esta é uma fórmula já experimentada e comprovada através de muitos e bons artistas que enveredaram por este caminho. Composta por músicos novos, com idades à volta dos 20 anos, poder-se-á dizer que cresceram a ouvir a musicalidade transposta pelo fenómeno de Tampa Bay, facto espelhado, de forma transparente, a cada palhetada deste “Innoculation”.

Quaisquer parecenças entre um “Leprosy” e este “Innoculation” não são casuais. Começando pela produção, seguindo na linha de composição, passando pela vocalização e terminando na versão do tema título daquele álbum dos Death, tudo parece bater certo (ainda mais porque também temos a presença de uma aura lá Possessed).  Segue-se, portanto, a questão sobre a originalidade da banda que, neste caso, é seguramente ambígua. Com todas estas características, será que não passam de mais uns clones a tentar viver do legado dos pioneiros? Absolutamente negativo, os Morfin, de facto, apresentam a sua música, sem colagens demasiadamente suspeitas e, aqui, há que dar os créditos devidos porque não é de todo fácil recapturar ou reciclar o espírito de um dos colossos do Death Metal!

Estamos na presença de um bom disco de estreia, onde os temas têm uma energia própria, sendo cativantes e de fácil audição. Facto curioso é a existência de uma faixa dedicada apenas a um solo de baixo. Dito assim até parece trivial, mas este simbolismo nostálgico honra uma época onde outrora a simplicidade musical era considerada divinal.

Uma última pequena lembrança, bastante actual, àqueles que vivem na velocidade e na técnica dos tempos modernos, tirem o pé do acelerador e conduzam de vidro aberto ao som deste “Innoculation”, podem ter a certeza que irão disfrutar de viagem prazerosa!

Nota: 8.7/10

Review por Pedro Pedra