About Me

Pyrrhon - "The Mother Of Virtues" Review


Este álbum é um pesadelo. Verdadeiramente. "The Oracle Of Nassau" é literalmente um monte de pus em forma sonora que tem o dom paradoxal de afastar imediatamente os que têm estômago sensível, como que atrair de forma implacável todos aqueles que desconhecem sequer a existência de tal orgão. E nada nesse tema prepararia para o malhão claustrofóbico e totalmente refundido, tal como uma gruta paradisíaca numa praia qualquer australiana, cuja única forma de chegar lá é por teleporte, depois do sítio estar devidamente armadilhado com armadilhas para crocodilos mutanteste, que viria na forma de "White Flag". É ESTE o ponto em que é difícil não chegar a esta faixa, mas manter-se nela.

Há por aqui muita esquisitice complexa, daquela que os mais apressados ou simplesmente mal-humorados poderão dizer num mau dia que se trata apenas de música sem nexo feita por snobs tendo como destino pseudo-intelectuais. E até há uma certa razão neste raciocínio. É exactamente isto que soa a sua música, mas entretanto, enquanto se agarra a esta conclusão e se continua ouvir dá-se algo. Fica-se agarrado. Como um mantra de sujidade dissonante, de sentimentos maus e desconfortáveis que todos juntos se julgaria que não fariam sentido mas que aqui encaixam todos uns nos outros.

Embora o press release refira bandas como Gorguts para estabelecer comparações, na verdade, este segundo álbum dos Pyrrhon não tem nada a ver, estilisticamente, com os Gorguts e tudo a ver com o sentimento de perplexidade que passa. Mas há muit mais aqui que apenas complexidade e perplexidade. "Sleeper Agent" poderia estar muito bem no "Need To Control" dos Brutal Truth enquanto "Eternity In A Breath" é um peça ritualista capaz de invocar Chtulu ou outra qualquer criatura das profundezas. Já "Implant Fever" sugere um cruzamento em The Dillinger Escape Plan com Deathspell Omega.

Este é um álbum que mexe com aqueles que têm forças suficientes para se deixarem embalar nesse desconforto. Feio, porco, sujo e complexamente zangado, perturbará todos os que procuram um refúgio na música para os stresses da dia-a-dia. Depois disto, será necessário refugiar-se no stress quotidiano e no mundo real para conseguir recuperar alguma da sanidade mental perdida nestes cinquenta e seis minutos. NÃO aconselhável para os mais sensíveis. E mesmo os que se consideram insensíveis, precisarão de paciência para que isto bata da forma como deve bater.


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira