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Reportagem:The Casualties, Acromaníacos, Rebels In Packages @ República da Música, Lisboa - 06-04-2014


Domingo à noite, República da Música em Lisboa. A Xuxa Jurássica propunha uma sessão de Punk para terminar o fim-de-semana em altas, e a comunidade moicana respondeu com entusiasmo à convocatória. Cá fora era possível perceber que as cristas estariam bem representadas, mas nem só delas foi feita a plateia que viu subir ao palco de Alvalade os nacionais Rebels in Packages e Acromaníacos, e os headliners de New Jersey, The Casualties.


Ainda com uma sala a compor-se, os três jovens que constituem os Rebels in Packages apresentaram o seu trabalho homónimo acabado de sair. Com uma atitude sólida e descomprometida, terão conquistado alguns fãs com o seu punk rock de riffaria suja e rápida,  que de modo algum os deve deixar envergonhados. Percebeu-se que eram desconhecidos para a maioria mas, lentamente, temas como o petardo “Life’s No Paradise”, que acaba na forma de thrash metal poderoso, foram fazendo aproximar o público do palco. Aproximação essa que teve o seu expoente máximo aquando da cover de Censurados, “Tu ó Bófia”, com dedicatória natural a João Ribas, falecido recentemente. A noite arrancava com nota positiva pelas mãos desta bela surpresa.




A boa disposição continuava, o bom ambiente reinava, mas agora o nível de intensidade era já outro. Os Acromaníacos arrasaram no palco da República, com uma série de temas a fazerem abanar as hostes e a a forçarem alguns risos entre o público, por via das músicas que a banda tira do fundo do saco, como por exemplo na onomatopeia “A Galinha dos Dentes de Oiro”. Vestidos com aqueles fatos de plástico de desinfestação (pelo menos foi o que lembrou…), o trio deu uma vez mais um senhor concerto, com grande adesão ao headbang e ao mosh e contando ainda com algumas vozes no tema que fechou a actuação, intitulado “O Homem-Merda”. Passando por “A Abelha Maia é uma Puta”, por “Florimerda” e pela também inevitável “Piriquito”, os Acromaníacos ajudaram e de que maneira à festa, recolhendo no final um justo e merecido côro de elogios pela forma como nos divertem. 





Enquanto se vai ao bar e se trocam impressões sobre tudo o que sirva para ocupar o tempo, os The Casualties preparavam-se para encerrar com grandeza este evento. Num piscar de olhos, a marcha imperial de Star Wars soou e o quarteto surgiu, fazendo implodir a sala logo ao primeiro riff de “Tomorrow Belongs to Us”. O caos instalou-se nesse instante, e a paz nunca mais se soltou das amarras patrocinadas pela agressividade da voz de Jorge Herrera. Muito comunicativos, ora em castelhano ora em inglês, os norte-americanos colocaram a ferver a sala, pedindo mesmo que se usasse e abusasse do stage diving. Ora os portugueses, bem mandados que são (salvo seja), lá passaram o concerto todo a atirar-se do palco. Algumas vezes direitinhos ao chão, diga-se de passagem, mas sem danos a registar. Com visitas aos vários discos, mas lembrando também Ramones, em“Rockaway Beach”, e dando um cheirinho de “Run to the Hills”, os seguidores de Exploited, Discharge e outros que tais, tiveram de principio a fim o público na mão e estiveram absolutamente imparáveis. Uma wall of death no tema “Riot”, antes do palco a ser completamente invadido em “We Are All We Have”, foram o culminar perfeito de uma noite onde a música punk triunfou.


Texto por Carlos Fonte
Fotografias por Joana Soares
Agradecimentos: Xuxa Jurássica