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Sargeist - "Feeding The Crawling Shadows" Review


Os Sargeist são daquelas bandas underground que já podem ser consideradas clássicas, embora não pertençam à segunda vaga de black metal com origem na Escandinávia. No final do milénio, surgiram muitas bandas apostadas em recuperar o som primitivo e cru próprio desse onda que varreu o metal extremo e os Sargeist foram uma delas. Com algum actividade no underground, a banda sempre aposto mais nos lançamentos limitados (splits e EPs) do que propriamente nos álbuns de originais e este quarto álbum surge quatro longos anos após "Let The Devil In". Quatro anos é muito tempo mas não o suficiente para não se dar contas das diferenças entre os dois trabalhos.

"Feeding The Crawling Shadows" é um retrocesso a nível sonoro, um assalto primitivo de black metal lo-fi que surpreenderá todos os que gostaram de "Let The Devil In". Claro que o black metal lo-fi tem sempre o seu encanto, uma questão já abordada nestas páginas algumas vezes, quando traz um encanto próprio às músicas. Quando o ambiente é uma mais valia e faz a diferença no resultado final. Existem casos aqui, como o tema título e a "Inside The Demon's Maze" ou até mesmo a Kingdom Below em que isso acontece, mas a questão é que antes do álbum chegar a meio, já o ouvinte perdeu metade do interesse inicialmente. O som está tão cheio e imperceptível, que as músicas perdem toda e qualquer dinâmica que possuiam.

Aqui, o ambiente até pode ser favorecido, mas a musicalidade também sofre um rude golpe. Riffs viciantes perdem a sua eficácia no meio de uma produção imersa em noise - parece que quem misturou o álbum também arranjava telefonias e por falta de tempo deve ter feito as duas tarefas ao mesmo tempo, ficando a ideia de que o álbum foi transmitido e gravado em directo para um posto qualquer em onda média. A bateria é mesmo o instrumento mais afectado. Os fanáticos apreciadores de black metal cru até podem ficar contentes com este regresso às origens mas para quem "Let The Devil In" foi uma boa surpresa, este álbum surge mais como um passo atrás do que propriamente à frente.


Nota: 6.5/10

Review por Fernando Ferreira