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Sarcófago - "Rotting" (Reedição) Review


Estavamos nós no ano do Senhor (por respeito aos crentes leitores) de 1989 e já os Sarcófago tinham possuído meio mundo com o seu seminal INRI. Era de esperar que um novo assalto blasfémico viesse a acontecer com o seu segundo de originais “Rotting”. A tal profecia correspondeu uma violenta convulsão bastarda que só veio a confirmar a brutalidade impiedosa com que os Sarcófago debitavam as suas músicas, letras e imagem. Numa versão menos crua, embora não menos bestial, caso tenham dúvidas, revejam a capa deste lançamento, pois estamos a falar de algo profundamente agressivo para a mentalidade do final da década de 80, “
Rotting” deu sequência ao caos sonoro que emblematicamente os caracterizou, tornando-os uma banda de referência para toda uma nova vaga de bandas demoníacas, ainda em fase embrionária, pelo mundo fora.

Falamos da cena metálica brasileira no seu auge com bandas como os Sepultura e Vulcano a encabeçar o que de mais extremo se fazia na altura, mas sem dúvida que Sarcófago elevou a fasquia bem mais alto. Agora, em 2014, a Greyhaze Records, adiciona uma nova masterização analógica, a qual posteriormente será acompanhada por um DVD digipack com data de edição ainda a definir.

Musicalmente, é difícil dar referências musicais da época, visto que os Sarcófago foram pioneiros nesta sonoridade e ao mesmo tempo porque partilhavam semelhanças sonoras com os seus conterrâneos identificados anteriormente, porém bandas como Blasphemy, Beherit, Dark Throne, Mystifier e Black Witchery podem ser apontadas como sendo discípulos dos Sarcófago.

Para quem conhecia este álbum, não verá aqui nenhuma novidade, musicalmente falando, agora para quem nunca o ouviu e está curioso acerca do que pode encontrar aqui vamos dar uma volta de apresentação para que sejam dissipadas quaisquer dúvidas. Com apenas 6 temas, a velocidade crua, a batida orgânica e os vocais rasgados impostos a cada segundo da rotação, determina que “The Rotting” seja um dos álbuns mais intensos dentro de Black/Death Metal. Músicas como “Alcoholic Coma”, “Sex, Drinks & Metal” e “Nightmare” marcam o sofrimento das almas castigadas no purgatório (por respeito, mais uma vez, aos crentes leitores), o deboche e luxúria carnal dos pecadores e a explosão dos fogos infernais num mundo pseudo sagrado, onde a religião montou as asas de um abutre que percorre milhas sedento em busca do aroma da morte.

Essencial para todos os que gostam de ir às origens do Metal, fulcral para os que gostam de Metal extremo, vital para os que viveram os tempos do Old-School!

Nota: 8/10

Review por Pedro Pedra