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Reportagem: Obituary, We Are The Damned, Bleeding Display, Dementia 13 e Colosso @ RCA Club, Alvalade - 01/08/14


Os lendários Obituary regressaram a solo nacional, nos dias 31 de Julho e 1 de Agosto, para dois espectáculos, encabeçando dois cartazes fortíssimos de death metal, nas suas diversas abordagens. No Porto, a banda norte-americana teve a companhia dos Dementia 13 e Colosso, e em Lisboa, além destas duas bandas, o espectáculo foi reforçado pelos We Are The Damned e Bleeding Display. Se já aconteceria uma grande noite de death metal, apenas com a presença dos Obituary, os contornos de memorabilidade foram acentuados com as presenças destas excelentes bandas portuguesas. 

Os Colosso têm todas as condições para se tornarem num dos colossos do metal nacional. O seu death metal experimental marca a diferença por cá e, aquele que outrora foi o projecto a solo do guitarrista Max Tomé, tornou-se numa verdadeira banda, com músicos extremamente competentes. A valia do colectivo portuense ficou bem patente nesta data, que foi a segunda de André Macedo no posto de vocalista, ele que mostrou uma boa integração na banda. Foi uma pena nem todos terem assistido à actuação dos Colosso, porque, aquando deste concerto ainda havia muita gente a entrar na sala.

A banda seguinte, Dementia 13, é formada por membros sobejamente conhecidos do underground nacional e que pertencem a bandas como Pitch Black, Holocausto Canibal, Biolence e Grunt. Álvaro Fernandes, Zé Pedro e Marco Silva vieram a Lisboa acompanhados por Nuno Lima na voz e João R. na bateria, para nos mostrar que, em Portugal, também se pratica death metal old school de grande qualidade. Não há muitos grupos em Portugal, nesta vertente do death metal, mas os Dementia 13 são muito bons a interpretar o género e por isso foram uma escolha óbvia para nome do suporte nos concertos de Obituary. Não deixaram os créditos por mãos alheias e mostraram o que é death metal old school, made in Portugal.

Os Bleeding Display já são um dos nomes de referência no death metal em Portugal e protagonizaram uma descarga de brutalidade que não deixou os presentes indiferentes. Destaque para a inclusão de novos temas na setlist que deram boas indicações acerca do futuro álbum, no qual a banda está a trabalhar, presentemente. Já é altura de se escutar nova música por parte dos Bleeding Display, que não lançam nada desde "Ways to End", álbum de estreia editado no já longínquo ano de 2006. Até lá, também podem continuar a tocar ao vivo e a serem  mais-valias para cartazes como este.

Há um nome em destaque na música extrema que se faz em Portugal, actualmente. Os We Are The Damned conseguiram, ao seu quarto e excelente álbum, "Doomvirate", assinar contrato com a editora alemã Lifeforce Records, que já foi casa de bandas como Trivium, Nightrage, Between the Buried and Me, Intronaut, Heaven Shall Burn, Nervecell, All That Remains, Omnium Gatherum, entre outras. Esperemos que este contrato com os germânicos impulsione a afirmação internacional desta banda portuguesa, que é detentora de uma carreira muito sólida por cá. "Holy Beast" já havia sido editado por outra editora alemã, a Bastardized Records, mas a Lifeforce Records tem outra expressão. A banda, agora reforçada com Nuno Loureiro na guitarra, deu um concerto imparável e explosivo, bem ao seu estilo.

O que dizer dos Obituary e da sua actuação? Trata-se de uma das bandas clássicas do death metal, um nome obrigatório quando se fala no género, daqueles que quando terminar, não terá substituto. Para a história ficarão as grandes malhas de death metal, aquelas que todos os fãs de death metal conhecem. Essas músicas foram a base da actuação que se centrou, claro está, nos três primeiros discos da mítica banda: "Slowly we Rot", "Cause of Death" e "The End Complete". Os temas essenciais foram tocados e ainda houve tempo para três músicas novas. "Visions In My Head", "Violence" e "Inked In Blood" foram os temas escolhidos de um álbum novo, que sairá em Outubro e será o primeiro da banda em cinco anos. Estas músicas não se revelaram, para já, ao nível dos clássicos da banda mas também não comprometeram uma excelente actuação, que beneficiou do bom som do RCA Club e de um público adepto dos Obituary que encheu a sala. As músicas de Obituary demonstraram, mais uma vez, um apelo irresistível ao headbanging e este concerto ficará, seguramente, guardado na memória dos presentes como um espectáculo memorável. Arrependimentos, só para quem não foi!

Reportagem por Mário Santos Rodrigues
Agradecimentos: Notredame Productions