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Pallbearer - "Foundations of Burden" Review


Tipicamente doom, os Pallbearer exploram os temas longos – em seis, apenas “Ashes” com três minutos e “Foundations” com oito, estão abaixo da barreira da dezena de minutos – e melancólicos por vezes atingindo um minimalismo quase hipnótico que os afasta das variantes mais populares do género. O que se encontra em “Foundations of Burden” não é o doom retro e stoner de homenagem aos Black Sabbath primordiais, tão comum hoje, ou as orientações cavernosas do death doom, em “Foundation…” encontramos guitarras que solam melancolicamente por cima de uma secção rítmica sólida - Mark Lierly, bateria e Joseph D. Rowland no baixo - enquanto Brett Campbell, entoa uma melodia desesperada.

O trabalho deste quarteto do Arkansas – o line-up é completo com Devin Holt que partilha guitarras com Campbell – inicia-se com ”Worlds Apart” mas tem em “Foundations” a sua melhor faixa, mesmo sendo, por vezes, o tema mais rápido do disco. Excepcional, também, a faixa “The Ghost I Used to Be”, em que ao sino se seguem teclados, que nos orientam para um verdadeiro exemplo de doom melódico e angustiado, na escola de outros nomes como Candlemass e Solitude Aeturnus, nunca hesitando em manter a cadência fúnebre, num tema em que Campbell partilha vocais com Rowland.

Menos interessante a faixa “Ashes”, que por vezes aproxima o quarteto de uns Anathema, mas que se perdoa se escutada como um pequeno intro para o solo desesperado que inicia “Vanished”, a última faixa do disco, em que alguns acordes de guitarra nos transportam para sons mais medievais.

Depois da popularidade da maqueta de 2010 e da estreia auspiciosa em 2012 com “Sorrow and Extinction”, o quarteto conseguiu recrutar o produtor Billy Anderson - Sleep, High on Fire, Melvins, Jawbreaker e outros – para este novo trabalho. A colaboração e o trabalho de composição, resultam bem, pois apesar da extensão dos temas, estes não se revelam cansativos e conseguem embalar o ouvinte até ao acorde final, sem ter de se resistir à tentação de avançar para a faixa seguinte. Ao se inscreverem numa componente mais melódica do doom, mas sem alinharem na versão mais Metal de uns Below, o grupo torna o seu som acessível a apreciadores de música que não façam do Metal o seu único território, para isso conta bastante a aproximação conseguida no som das guitarras, com diversos acordes sobrepostos, em lugar do vulgar solo.

Agendados para o próximo Amplifest, os Pallbearer deixam bastantes expectativas e a curiosidade sobre a capacidade de transportarem para o palco toda o hipnotismo que nos prende nesta viagem que é “Foundations of Burden”.

Nota: 8/10 

Review por Emanuel Ferreira