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Entrevista aos SepticFlesh


Os Gregos SepticFlesh dispensam apresentações! Estes gregos habituaram os seus fãs a música de qualidade. Todos os álbuns que produzem têm sucesso garantido e o mais recente “Titan” não é excepção. A Metal Imperium teve o prazer de conversar com Sotiris.


M.I. – Porquê o título “Titan”? Está relacionado com o simbolismo da palavra na mitologia helénica ou simplesmente pensaram que este álbum seria um “gigante” na história do metal?

Foi um desafio gigantesco pois centenas de pessoas trabalharam intensamente para que ele ficasse completo. Fizemos o nosso melhor e esperamos que “Titan” venha a conseguir conquistar o coração dos metaleiros de todo o mundo.


M.I. – Qual foi a inspiração para as letras?

Mitos, ciência, história, pensamentos pessoais e experiências ocultas.


M.I. – Geralmente os SepticFlesh têm um processo de escrita bastante incomum devido às possibilidades infinitas no que toca à variedade de instrumentos e vozes à vossa dispoisção. Como foi com este álbum? É complicado escolher entre os temas que serão incluídos/removidos do álbum?

Ter quatro cabeças pensadoras na banda faz com que seja mais simples adicionar material mas mais difícil seleccionar o que deve ser incluído ou excluído. Contudo é extremamente importante, quando estamos num avançado estado de composição,  conseguirmo-nos encostar e ver a imagem geral, focando-nos no essencial dessa composição. Com esta perspectiva em mente, fazemos as escolhas finais sobre o instrumento ou voz que melhor se adequa e o que tem de ficar de fora. Basicamente confiamos nos nossos instintos e no que soa bem. Afinal de contas, a música é emoção.


M.I. – O Sotiris referiu que a banda tinha trabalhado muito mais neste álbum do que nos anteriores e que até os mais pequenos detalhes foram cuidadosamente tratados… porque é que este álbum teve um tratamento tão especial?

Nós tentamos fazer sempre o nosso melhor mas isto é como subir uma montanha… quanto mais alto sobes, mais difícil se torna cada passo a caminho do topo e há sempre o perigo de cair. O mais pequeno dos detalhes pode fazer toda a diferença. “Titan” representa o álbum mais desafiante dos SepticFlesh até à data.


M.I. – Os riffs neste álbum são mais blackened death metal do que em “The Great Mass”. Consideras os SepticFlesh mais blackened death metal ou symphonic metal?

Somos ambas. Somos uma grande peça de música tocada por uma grande variedade de instrumentos e músicos. O nosso objectivo é alcançar um resultado obscuro, emocional e extremo.


M.I. – “Titan” foi gravado nos estúdios Devasoundz do Christos e do Fotis. Este factor é uma mais valia para a banda?

Sem dúvida alguma que provou sê-lo por várias razões. Para além de termos sempre equipamento profissional ao nosso dispor que corresponde às nossas exigências sonoras, também temos imenso tempo para experimentar e completar o complexo processo de criação e tal alivia-nos de bastante stress.



M.I. – O tema “Order of Dracul” venceu 4 batalhas contra os Cannibal Corpse, Decapitated, Revocation e Belphegor, tendo chegado ao Death Match Hall of Fame da Loudwire. Como é que estas situações te fazem sentir?


Para ser sincero, ficamos surpreendidos por termos tido tantos votos na primeira batalha e conseguirmos bater os Cannibal Corpse que são muito populares com uma grande base de fãs. Depois dessa vitória, percebemos que havia boas probabilidades de chegarmos à final do Death Match. Agradecemos os votos dos fãs que nos fizeram prevalecer e sentimo-nos muito honrados.


M.I. – O tema “Confessions of a Serial Killer” poderia facilmente ser a banda sonora de um filme. Se tal acontecesse, com que produtor de cinema gostarias de trabalhar?

Bem, não tenho nenhum produtor em especial mas se pudesse escolher um director seria o David Lynch e ter um bom guião também seria extremamente importante. Mas claro que isto não passam de desejos!



M.I. – O Seth é o responsável pelo design da capa… o facto de ser ele a fazê-lo é melhor para a banda por ser capaz de capturar os elementos principais do álbum?


Claro que essa é uma das grandes vantagens. A representação visual está completamente alinhada com o conteúdo lírico e a aura emocional e musical do álbum. Claro que o Seth, para além de ser membro da banda, é um artista visual com muita experiência que já criou capas para álbuns e trabalhos de muitas bandas conhecidas como Paradise Lost, Nile, Moonspel, Exodus, Kamelot, etc. 


M.I. – Trabalhastes novamente com a Orquestra Filarmónica de Praga. Como é trabalhar com uma orquestra? Como é que se faz a gravação? É muito complicado escrever um álbum que será gravado com instrumentos clássicos?

Como deves imaginar, trabalhar com uma orquestra completa e coro exige muita preparação e trabalho árduo. Há muitas discussões entre os membros dos SepticFlesh e um feedback constante durante todo o processo de criação, até nos sentirmos preparados para concretizar a tarefa. Seguidamente o Christos, com os diplomas que tem em música clássica, fica responsável pela organização da banda, providencia as pautas musicais e supervisiona a orquestra.


M.I. – Já considerastes a hipótese de fazer um espectáculo ao vivo com a orquestra?

Seria espectacular fazia um concerto com a orquestra. Contudo o orçamento para tal seria demasiado caro… mas mantemos a esperança de o fazer um dia!


M.I. – Recorrer ao uso de orquestras já não é uma novidade no metal mas usar um coro estudantil não é habitual. Quem teve a ideia?

Foi o Christos. O uso da voz infantil no tema “The Vampire from Nazareth” foi uma primeira experiência muito positiva. Portanto, no álbum ele queria avançar mais nessa direção e usamos um coro infantil completo.


M.I. – Logan Mader misturou/produziu o álbum… és fã do trabalho dele como músico? Optar por um produtor que não é a opção mais óbvia é algo que vos permite soar completamente diferentes das outras bandas?

Nós apreciamos o trabalho do Logan e pensamos que poderíamos abrir novos horizontes se trabalhassemos com um produtor musical/músico bem sucedido que tem uma diferente perspectiva. O Logan aceitou o desafio para poder experimentar algo diferente. Esteve bastante aberto às nossas sugestões e trabalhou no duro durante um longo período de tempo. A nossa colaboração provou ser bem sucedida, já que o resultado fala por si próprio.


M.I. – Achas que os produtores têm algum tipo de impacto no som dos álbuns? Quer dizer, achas que um produtor que produz vários álbuns tem um certo tipo de registo que faz com que o seu som seja imediatamente reconhecido nos álbuns que produz?

Depende. Algumas bandas vão ter com determinado produtor para terem esse som que é a sua imagem de marca e ele foca-se em alcançar o que a banda pretende. Outras bandas experimentam cenas diferentes e, desde que o produtor esteja aberto a sugestões, conseguem obter um som diferente dos outros. O modo como se estruturam os temas e o modo de gravação também desempenham um papel fundamental no som final.


M.I. – Os SepticFlesh foram cabeças de cartaz no Southern Discomfort Metal Festival na Noruega e já estão confirmados para o Inferno Metal Festival de 2015. Devido às obrigações profissionais, o Sotiris não costuma acompanhar a banda. Como é que a banda reage a isto? Isto afecta a banda de algum modo? Gostarias de poder tocar ao vivo mais vezes com os teus parceiros?

Eu tenho obrigações que não me permitem acompanhar a banda por longos períodos de tempo fora da Grécia. É desnecessário referir que é algo que me entristece imenso e, quando consigo tocar, fico extremamente satisfeito. De qualquer maneira, os membros dos SepticFlesh estão a fazer um trabalho fantástico e, mesmo sem mim, conseguem fazer espectáculos brutais que deixam o público muito satisfeito.


M.I. – A banda tenta sempre inovar sem repetir a fórmula vencedora de álbuns anteriores… achas que o aborrecimento leva à morte? Qual é o próximo objectivo da banda?

É tudo uma questão de inspiração e esforço constante. O nosso objectivo é continuar a evoluir e a proporcionar emoções autênticas e fortes aos nossos ouvintes.


M.I. – Todos os membros têm empregos a tempo inteiro, pelo que SF é mesmo uma paixão. Como seria a tua vida sem a banda?

Não imagino que conseguíssemos parar de fazer algo artístico nas nossas vidas. Isto é muito profundo mas precisamos dos outros trabalhos para termos comida na mesa.


M.I. – Já desejaste ser um homem normal com responsabilidades e privacidade? A fama afectou-te muito?

Nós não somos estrelas pop para termos atenção constante, mas somos reconhecidos. Não tenho problemas com isso desde que não se ultrapassem certos limites.



M.I. – Qual é a maior qualidade de cada um dos membros da banda?


O Seth tem um talento para criar temas que ficam no ouvido e tal ajuda-nos imenso a encaixar todas as peças do puzzle. O Christos é um génio da sinfonia. Fotis é um grande baterista, um excelente e experiente engenheiro de som e um bom escritor de letras. Eu proporciono melodias emocionais e alguns riffs extremos, tenho dupla personalidade!


M.I. – Recentemente faleceu Maria Kolokouri, conhecida por Tristessa, vítmia de leucemia. Dirias que é uma grande perda para a cena grega? És fã de Astarte?

Conhecíamos a Maria há muito tempo e ficamos chocados e tristes com o seu desaparecimento. Ela era uma lutadora, muito dedicada e uma das melhores pessoas da cena metal grega.


M.I. – Deixa uma mensagem aos fãs portugueses!

No próximo ano vamos andar em tournée com os nossos irmãos portugueses, os Moonspel, portanto teremos a oportunidade de vos ver para alguns concertos. Horns up!


Entrevista por Sónia Fonseca