Se havia banda, a nível nacional, cujo espectro da brutalidade deixava alguma água na boca no que respeitava a um novo trabalho de originais eram os Bleeding Display. Estes Lisboetas já tinham deixado um claro aviso a todos os metaleiros quando em 2006 lançaram “Ways to End”. É certo que sempre são 8 anos de ausência dos escaparates, mas os indicadores que se seguiram à edição deste primeiro trabalho seguiram um percurso ascendente e antevia-se que o regresso desta máquina sanguinária pudesse ser ainda mais letal.
O álbum abre com uma introdução em clima de ambiente industrial “Reckoning”, dando espaço para ganhar fôlego, e logo de seguida inicia-se “Dark Passenger” com a sua cadência inicial a embalar-nos para um poço de peso e demência, sem fundo. Cedo, logo se destaca a excelente produção que acompanha esta rodela, bem como a boa capacidade técnica de todos os executantes. “Persuasive Demons” dá-nos mais uma amostra de como o Death Metal está bem vivo pelas nossas Terras, com mais momentos balanceados, este tema é sem dúvida um quebra pescoços. “Deprivation” avança sem dar descanso para uma atmosfera que nos transporta até uns Deicide, a utilização de diferentes vozes dobradas aumenta a intensidade do tema. “Refinement of Evil” segue a linha do tema anterior, consolidando, ainda mais, o esmagamento a que estamos sujeitos desde o primeiro tema. “Blood Cult” e “Inglorious Killing”, juntamente com os 2 temas anteriores, constituem a coluna vertebral deste “Deviance”, ou seja, dão-nos um retrato fiel acerca da natureza das intenções musicais dos Bleeding Display, neste novo disco e demonstram-nos as influências provenientes de Cannibal Corpse que se fazem notar no colectivo . Quase a fechar, chega-nos a “Killing Spree” que tem um início inspirado, bem como o restante tema, sobressaindo-se dos restantes, e constituindo um dos momentos mais brilhantes, até então. Há aqui qualquer coisa entre os Origin e os Behemoth que eleva a fasquia do resultado final. Para terminar, “Remains to be Seen”, com a participação do Nocturnus Horrendus, traz-nos aquele groove maligno seguido de mais riffs dignos de cilindrarem os nossos sentidos auditivos, pondo à prova a capacidade de resistência do ouvinte.
O oráculo da bestialidade não falhou e, em 2014, cumpre-se a profecia, “Deviance” é uma explosão selvagem nas fronhas de qualquer Ser Humano, seja este especialista na matéria ou um qualquer incauto apanhado de surpresa. Embora o ano esteja quase a fechar, a tradição manda que o melhor esteja sempre reservado para o final, tal é o caso desta obra, pelo que estejam atentos às actuações dos Bleeding Display e não percam a oportunidade de os apoiar. Só assim a banda poderá ir, ainda mais, longe (porque já o merecem)!
Review por Pedro Pedra