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The Project Hate MCMXCIX - "There Is No Earth I Will Leave Unscorched" Review


Criado em 1999 e mantendo um registo de produtividade assinalável – 10 discos em 15 anos – este projecto sueco assenta essencialmente na criatividade musical de Lord K. Philipson que, a par do vocalista Jörgen Sandström, mantém o projecto vivo, enquanto os restantes elementos vão entrando e saindo. Neste momento a restante formação consiste em Dirk Verbeuren na bateria e Ellinor Asp na voz feminina. Ambos estão no projecto desde 2014, sendo que a Ellinor substituiu a “nossa” Ruby Roque, que ocupou a posição durante 4 anos.

É exactamente na componente da voz feminina que se percebe uma maior mudança para o disco anterior, com uma maior versatilidade vocal que permite atingir outros níveis de musicalidade, como por exemplo ao minuto quatro de “You I Smite, Servant of the Light” ou em “Defy Those Words of Who Was, Who Is, and Who Is to Come”.

No restante, este trabalho mantém o nível acima da média de discos anteriores, com grande qualidade de execução técnica, temas longos e de estrutura complexa, sempre no campo do death técnico, ocasionalmente com alguma electrónica – o minuto 8 de “Behold As I Become the Great Cold Betrayer” – muita versatilidade e um conjugar de sons que por vez aproxima os temas de uma montanha russa sonora. Um excelente exemplo disso é “You I Smite, Servant of the Light”, com dois níveis de vocais guturais masculinos, voz feminina, diversos solos de guitarra, orquestrações a roçar o clássico, etc.

Também o outro lado da moeda se repete aqui, ou seja o lado menos bom deste projecto: temas excessivamente longos – neste disco variam entre 10 e 15 minutos – por vezes quase parecendo incorporar 2 ou 3 temas e assumindo uma dinâmica que torna a audição do trabalho exaustiva. A escuta atenta do disco também traduz a sensação de muito trabalho de produção, com um não acabar de pistas coladas, que deixa sempre a impressão que se trata de um trabalho mais produzido “in vitro” que o resultado de um trabalho de composição em que o tema resulta da execução completa da peça e não da colagem de gravações.

Se aqueles que escutam death técnico, procuram um grupo versátil com uma grande dinâmica musical e não se importam da sensação de colagem, então este é um disco excelente.

Nota: 8/10

Review por Emanuel Ferreira