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The Skull - "For Those Which Are Asleep" Review


Disco de estreia para antigos elementos dos norte-americanos Trouble – Ron Holzner e Eric Wagner – e dos Pentagram – Matt Goldsborough e Sean Saley – que, depois de algum tempo na estrada a executarem o catálogo dos Trouble – o nome do grupo tem origem no segundo longa duração da banda – resolveram partir para estúdio e gravar alguns originais.

Num momento em que o hype à volta do stoner e doom é (ainda) grande, e em que os nomes do passado, aparecem idolatrados, este é um bom exemplo da razão porque quase todos eles se apagaram ou terminaram as carreiras com pouco reconhecimento: falhavam sempre em capturar o hipnotismo de uns Black Sabbath, ou Black Widow, e aproximavam-se excessivamente do Hard Rock que se desenvolvia noutros campos. Um bom exemplo, neste disco, é o final de “A New Generation” com solos de guitarra e um final de bateria datado. Nos anos 80 eram grupos europeus como Candlemass, Count Raven ou, My Dying Bride, noutra linha musical, que conseguiam voltar a transmitir o hipnotismo de temas como “Black Sabbath”, por exemplo. Ao contrário do imaginário hoje construído, os Trouble tinham uma expressão quase nula na Europa, ao ponto de mal se conhecer a sua componente cristã.

Os vocais de Eric Wagner são, claramente imbatíveis e hoje pode perceber-se como a sua voz influenciou a vaga grunge, através de nomes como Mark Lanegan ou Chris Cornell. Para compreender isso é escutar “Sick Of It All”, e apreciar a qualidade vocal do tema e a forma de entoação tão característica de Wagner. “The Door” é outro exemplo da “marca” Wagner, com um tema mais declamado que cantado, em que a guitarra vai brilhando entre o clima hipnótico criado. Já “Till The Suns Turn Black” é o protótipo de tema doom, em versão Hard Rock, e é um dos melhores temas deste disco.

Apesar de em “Till The Suns Turn Black” se encontrar um tema interessante, no  entanto percorre-se todo o disco e sente-se a falta de “canções”, de momentos memoráveis, de um solo que marque a diferença e justifique o disco. Provavelmente, face ao leque de músicos presentes, pede-se aqui o que não se reclamaria a um disco de estreia, para uma banda de garagem. Este é o óbice destes supergrupos em que à partida se reclama desde logo um nível de superioridade que a outros não se pede. Também por isso a escuta de um disco destes, deixa, quase sempre, a sensação de faltar algo, de poder ser melhor. “For Those Which Are Asleep” sofre desse problema e apenas resulta para adeptos incondicionais dos nomes em questão.

Nota: 6/10

Review por Emanuel Ferreira