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Zodiac - "Road tapes Vol. 1" Review


A questão da música retro dá pano para mangas, sobre a questão da validade em termos criativos dessas propostas, por assentarem em regras já estabelecidas há muito tempo atrás. Os Zodiac são um dos grandes nomes da cena retro, mas como é fácil de constatar por este “Road Tapes Vol. 1” (e como se fosse necessário um álbum ao vivo provar aquilo que os álbuns de estúdio já o tinham feito há muito tempo) o facto da sua música ser original ou não é completamente irrelevante. O que é relevante, altamente relevante, é a sua qualidade, que é astronómica. É uma daquelas bandas que permite que o ouvinte viaje no meio de imagens criadas pela música que não é mais do que a soma de guitarra, baixo, bateria e voz.

Não quer dizer que apenas seja isto necessário para se ter a fórmula perfeita para um álbum perfeito, até porque “Road Tapes Vol. 1” não é perfeito, tal como a música da década setenta não era perfeita. É viva, é visceral, é contagiante, é orgânica. Respira e mexe connosco. Como é que se consegue indiferente a um malhão épico como “Cortez The Killer”  ou uma “Rock Bottom Blues” que nos embala na melhor tradição blues, hard rock, tal como uns Led Zeppelin ou Lynyrd Skynyrd. Mas nem só de momentos calmos se baseia esta actuação ao vivo dos Zodiac, até porque temos aqui muitas músicas que obrigam até a um bom velho headbang – não tão frenético como se fosse qualquer coisa thrash metal, mas o suficiente para deixar a cabeleira a esvoaçar no vento como na “A Bit Of Devil” ou “Free”.

Numa era em que os álbuns ao vivo já não são o que eram, este tem tudo para se tornar imortal entre os mesmos fãs de pérolas como “Made In Japan”, “Live And Dangerous” ou “The Song Remains The Same”. É uma afirmação de peso, com potencial para a controvérsia, mas que se encontra bem coberta pela música contida nestes setenta e quatro minutos de música. O sucesso alcançado pelas bandas em questão é irrepetível, nem a marca que deixaram em sucessivas gerações, mas que essa mesma energia crua que apaixonou no passado milhões e milhões, está aqui bem presente e bem viva. Sem dúvida, um grande álbum ao vivo, que noutros tempos, seria um clássico imortal – agora também o é, mas pronto, é sempre mais aberto a discussões…


Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira