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Shape Of Despair - "Monotony Fields" Review



Quarto álbum dos finlandeses Shape Of Despair, quando o anterior álbum data já de 2004. Onze anos de silencio num género que apesar de nunca ter estado na moda, teve os seus picos de interesse e procura por parte do público: Funeral doom. É certo que este funeral doom tem umas particularidades, um forte sentido de ambiência, e foi por isso que a sua ausência foi tão notada. Não há fome que dê em fartura. Oito temas e mais de setenta minutos de música, mas o que interessa a quantidade se não for acompanhada de qualidade? É aí que este “Monotony Fields” triunfa. São mais de setenta minutos de música de qualidade que não enjoa. Para se ser sincero, este trabalho é como se fosse duplo, por que cada vez que se ouve uma vez, passa-se logo para a segunda audição.

Os adjectivos "belo" e "melancólico" andam bem juntos neste álbum. Logo o primeira tema com “Reaching The Innermost” se tem a percepção e que se está perante algo muito, muito especial. Funeral doom não é um género muito apelativo, até mesmo para quem gosta de doom metal. Se fazer bons temas de doom metal é um desafio, fazer bons temas de funeral doom que não coloquem uma pessoa que sofre de insónias em coma é ainda mais desafiante. E neste caso esse desafio é atingido sem grandes dificuldades e até com mestria. Com uma sensibilidade gótica aqui e ali (nada de muito pronunciado e até mais próximo do ambiente), é impressionante como músicas de dez minutos parece que duram tão pouco tempo.

Não só impressiona pela sua beleza como também pela sua capacidade hipnótica. Mesmo a tocar como música de fundo, temas como “Descending Inner Night” e “The Distant Dream Of Life” conseguem envolver suavemente o ouvinte, que sem se dar conta já está completamente agarrado. Não só se tornará irresistível a todos os doomsters que por aí andam como qualquer fã de música pesada e melódica não terá argumentos contra a obra de arte que é “Monotony Fields”. É definitivamente o álbum da carreira dos Shape Of Despair e também é certamente um dos candidatos a álbum do ano. Um enorme, gigante, trabalho, em todos os sentidos.


Nota: 9.6/10

Review por Fernando Ferreira