A música instrumental é sem dúvida um nicho de mercado em expansão. Há várias vertentes, claro está. Se anos atrás tínhamos principalmente os guitarristas a embarcarem nesse tipo de aventuras, foram surgindo propostas dentro do rock/metal progressivo, pós-rock e stoner rock. É mais para esse espectro que pende este trabalho dos Arrakis, a estreia do power-trio no domínio dos álbuns de originais, depois do EP "Sanatorium". Como já dissemos algumas vezes, música instrumental de qualidade, não pode ser apenas música sem voz. Tem que haver algo que justifique prender a atenção do ouvinte sem ter os ganchos melódicos de versos, pontes e refrões.
"Ammu Dia" é uma colecção de sete temas que vivem em regime de jam, ou seja, o que ouvimos aqui parece que saiu sem filtros da sala de ensaios. Músicas que embora partam da premissa stoner rock, muitas vezes tocam no rock psicadélico, fazendo bom uso da repetição e colocando o ouvinte em transe, sempre com uma boa dose de groove a acompanhar. Isto é, não são temas que nos colocam propriamente em viagem por nos levarem do sítio onde começamos a sítios totalmente diferentes. São mais temas que não nos deixam sair do mesmo sítio e pela repetição desse facto, acaba por nos levar a viajar.
A simplicidade é a grande arma de "Ammu Dia", uma simplicidade desarmante que fará que existam aqueles que não conseguem ouvir até ao fim por não estarem na frequência necessária, ou por sentirem que não passa da cepa torta. E é verdade, é uma opinião que não se poderá censurar. No entanto, o que também é verdade é que há aqui um genuíno feeling pelo riff e pelas melodias primordiais. Quem já ensaiou ou quem já assistiu ensaios ou jams, sabe que o processo é este mesmo. Começar por algo cativante, que surge não se sabe bem como mas que se mantém lá e ir trabalhando nisso até à exaustão. É esse o sentimento deste álbum, o que poderá dar uma sensação de processo inacabado - e nesse caso, a curiosidade fica sobretudo nas actuações do grupo ao vivo, mas isso já é uma outra história.
Boa estreia, mesmo que não traga de diferente ou que não tivesse sido visto, ouvido ou feito antes.
Nota: 7.5/10
Review por Fernando Ferreira
"Ammu Dia" é uma colecção de sete temas que vivem em regime de jam, ou seja, o que ouvimos aqui parece que saiu sem filtros da sala de ensaios. Músicas que embora partam da premissa stoner rock, muitas vezes tocam no rock psicadélico, fazendo bom uso da repetição e colocando o ouvinte em transe, sempre com uma boa dose de groove a acompanhar. Isto é, não são temas que nos colocam propriamente em viagem por nos levarem do sítio onde começamos a sítios totalmente diferentes. São mais temas que não nos deixam sair do mesmo sítio e pela repetição desse facto, acaba por nos levar a viajar.
A simplicidade é a grande arma de "Ammu Dia", uma simplicidade desarmante que fará que existam aqueles que não conseguem ouvir até ao fim por não estarem na frequência necessária, ou por sentirem que não passa da cepa torta. E é verdade, é uma opinião que não se poderá censurar. No entanto, o que também é verdade é que há aqui um genuíno feeling pelo riff e pelas melodias primordiais. Quem já ensaiou ou quem já assistiu ensaios ou jams, sabe que o processo é este mesmo. Começar por algo cativante, que surge não se sabe bem como mas que se mantém lá e ir trabalhando nisso até à exaustão. É esse o sentimento deste álbum, o que poderá dar uma sensação de processo inacabado - e nesse caso, a curiosidade fica sobretudo nas actuações do grupo ao vivo, mas isso já é uma outra história.
Boa estreia, mesmo que não traga de diferente ou que não tivesse sido visto, ouvido ou feito antes.
Nota: 7.5/10
Review por Fernando Ferreira