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Reportagem: Epica, Vuur e Myrath @ Sala Tejo (Altice Arena), Lisboa – 21/11/2017



Os Epica prometeram e, em pouco tempo, cumpriram. Estávamos nós em pleno verão, no VOA Fest, em Corroios, quando Simone Simons garantiu que a banda ia regressar a Portugal muito em breve. Três meses depois, duas datas em terras lusas: uma em Lisboa, na Sala Tejo da Altice Arena (da qual vimos falar) e outra no Porto (Hard Club). Consigo trouxeram os Vuur e Myrath. 


Os Myrath vêm da Tunísia e nem por sombras escondem as suas origens. Trazem-nos um metal progressivo com influências árabes e, com essa mistura, não deixam ninguém indiferente. O vocalista Zaher Zorgati mostrou-se bastante carismático ao longe da atuação, interagindo com o público português da melhor forma…falando a língua portuguesa. “Vocês são brutais!”, disse ele, com um sorriso de orelha a orelha. Nesta noite, a banda concentrou-se essencialmente no seu último registo, “Legacy”, lançado no ano passado. É, ainda, de salientar que a portuguesa Kahina Spirit tem vindo a acompanhar a banda na presente tour. Com a sua dança oriental, veio complementar na perfeição a influência árabe dos Myrath. Infelizmente, o tempo de atuação foi curto e ficou a vontade de vê-los em nome próprio. É, sem dúvida, merecido (e necessário!).




Anneke Van Giersbergen é uma vocalista bastante acarinhada pelo público, essencialmente reconhecida por fazer parte dos The Gathering, mas, também, por integrar outros projetos como os The Gentle Storm ou Agua de Annique. Assim, muito embora os Vuur sejam uma banda bastante recente, havia muita expectativa para este concerto. Vieram apresentar o seu álbum de estreia, "In This Moment We Are Free – Cities", lançado há menos de um mês. É de referir que este registo se mostrou mais pesado ao vivo do que na versão de estúdio. Efetivamente, é inegável a qualidade dos músicos presentes na banda. Porém, também é verdade que, infelizmente, a voz de Anneke foi abafada algumas vezes pelo instrumental. De qualquer forma, foi uma prestação louvável e, inevitavelmente, o público reagiu com especial ênfase perante os temas “The Storm” (dos The Gentle Storm) e “Strange Machines” (dos The Gathering). 


Os Epica têm estado imparáveis. No ano passado lançaram “The Holographic Principle”, que foi bastante bem-recebido pelo público. Este ano, mais propriamente no passado mês de setembro, surgem com o EP “The Solace System”. Se muitas vezes ouvimos dizer que quantidade não significa qualidade, o mesmo não se aplica a estes holandeses. Certamente por esse motivo tínhamos uma Sala Tejo bem composta, mesmo relembrando que a última passagem da banda por Portugal tinha ocorrido apenas há três meses. De qualquer forma, metade da setlist apresentada na Sala Tejo diferiu daquela ouvida no VOA Fest, pelo que concertos dos Epica nunca são demais! Enquanto se ouvia “Eidola”, o público ficava cada vez mais ansioso. A banda entra em palco com “Edge of the Blade”, um tema tão cativante que nem parece que o conhecemos há apenas um ano. “Sensorium” fez o público gritar fervorosamente pelo nome da banda e “Fight Your Demons” foi apresentado pela primeira vez no nosso país, o único tema do novo EP que pudemos ouvir esta noite. “Storm the Sorrow” arrancou palmas de toda a plateia, sem qualquer pedido por parte da banda. Para os mais distraídos, os Epica significam "a banda de Simone Simons e companhia". Na realidade, Simone está acompanhada de músicos que, não só são bastante competentes, como têm uma presença em palco e energia completamente contagiantes. Basta pensar nas brincadeiras memoráveis do teclista Coen Janssen, que simplesmente não sabe estar quieto e arranjou instrumentos à altura! Entre o teclado giratório, que anda de um lado para o outro no palco, e o teclado curvado (o famoso “keyboard in motion”), Coen esteve imparável. Inclusive, decidiu passear por entre o público, enquanto tocava. Mas não se pense que teve exclusividade nesse campo: o guitarrista Isaac Delahaye também decidiu “dar a volta ao campo”, para delícia dos fãs. “Unleashed” , “The Holographic Principle – A Profound Understanding of Reality”, “Reverence (Living In A Heart)”, “Victims Of Contingency” e “Unchain Utopia” – foi um desfilar de temas que não deixaram parar um minuto. “Once Upon A Nightmare” surge antes do encore e leva a plateia a iluminar a sala com as luzes que tivessem ao seu dispor. O encore foi igualmente poderoso: “Sancta Terra”, “Beyond the Matrix” e a necessária “Consign to Oblivion”. A voz de Simone esteve brilhante, como já nos tem vindo a habituar, e só faltou “Cry for the Moon” (que foi feito dela?) para a noite ser verdadeiramente em cheio. Não se esqueçam dela na próxima vez! Pode ser já para o ano.


Texto por Sara Delgado
Fotografia por Ana Mendes

Agradecimentos: Prime Artists