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Abhor - "Occulta ReligiO" Review


Muitas das cenas de Black Metal dos anos 90 ficaram eternizadas na história, tais como a norueguesa,sueca ou até mesmo a americana, mas outras, não menos ricas, mantiveram-se nas sombras. Tal é o caso da cena italiana da qual surgiram os já veteranos, Abhor.

Confesso, no entanto, que não era familiarizado com esta banda, sendo este album o primeiro contacto que tive com o projeto, não podendo, portanto, fazer um paralelo com os registos anteriores. Todavia, tendo sido lançado sob o selo da Iron Bonehead Productions, só poderia ser material de qualidade.

Ora, sendo este o sétimo álbum desta banda, formada em 1995, nota-se neste registo uma grande maturidade. Com um som bastante próximo de um casamento entre as lendas do Black Metal italian, Mortuary Drape, e os austríacos Abigor, esta banda apresenta-nos um álbum sem rodeios; nada de intros ou interludes, apenas riffs atrás de riffs, vocais demoníacos e ocultismos de remotos eons, em honra dos velhos dias.

Este álbum vinga, de facto, pelo trabalho na guitarra. Os riffs são catchy, viciosos mas perversos. Para quem está à procura de tremolo picking incessante, blast beats, ou também algo mais inovador, este não será o álbum certo, mas para quem aprecia Black Metal old-school, com algumas reminescências da 1st Wave, diga-se com semelhanças com bandas como Master's Hammer, Samael ou Root, este álbum irá sem dúvida agradar.

Este trabalho, como disse, exímio no departamento da guitarra ritmo, com ótimas variações de tempo e malhas sempre cativantes, é muito bem complementado pelas teclas que, de facto, adicionam alguma atmosfera ao som, tornam-no sem dúvida ritualesco e austero e têm também espaço para brilhar, especialmente na quarta faixa, "Demons Forged from the Smoke", um dos momentos altos deste lançamento.

Não se pode, o entanto, menosprezar o trabalho na bateria que acompanha na perfeição as mudanças de ritmo e os riffs, na sua maioria mid-tempo, adicionante pontualmente alguns floreados mais técnicos muito interessantes. Também os vocais são excelentes, diabólicas invocações negras e bastante dinâmicos, com um ótimo dualismo nos momentos em que surgem os "backing vocals". Por fim, o baixo, apesar de se limitar a acompanhar a guitarra na maior parte do álbum (tirando uma boa lead na última faixa), contribui ao acrescentar densidade ao som deste grupo, estando sempre presente ao longo do álbum com um som que apresenta até semelhanças com o baixo de Autopsy ou do primeiro álbum de Death, "Scream Bloody Gore". Um bom exemplo disto é a terceira faixa, "Engraved Formulas", a minha preferida deste registo.

Nota: 9/10

Review por Filipe Mendes