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Reportagem: Resurrection Fest 2018 - Dia 3 @ Viveiro, Espanha - 14/07/208


O último dia do Ressurrection Fest 2018 foi o que se adaptava melhor ao público, levando em conta a variedade de bandas de estilos diferentes nos diferentes palcos.

Os Somas Cure estrearam o palco principal no último dia do festival, apresentando o seu último álbum, 'Ether'. Apesar da hora complicada, no início da tarde, não foi problema para a banda local, que teve muita gente a ouvir o seu metal em espanhol. Mas apesar de animados, foi com os britânicos Oceans Ate Alaska que o público iniciou o mosh. A banda de metalcore promove “Hikari” e os músicos não param um segundo em cima do palco, apesar de alguns problemas de som na voz, em especial nas transições mais melódicas.

Altura para verificar como é ao vivo o projecto paralelo do guitarrista vocalista Tremonti, famoso pelo seu trabalho nos Alter Bridge. Com três quartos de hora à sua disposição, o virtuoso seleccionou um alinhamento que passava em revista os seus grandes êxitos, com um ou outro tema do recente “A Dying Machine”, publicado à um mês. O quarteto arrancou com “Radical Change”, seguido de “So You’re Afraid”. Temas como “Catching Fire”, “Flying Monkeys” ou “My Last Mistake” continuaram o show de Tremonti, que não perdeu muito tempo com conversa e focaram no essencial, dar música à plateia. O novo material mostra que a continuidade está garantida, com “You Waste Your Time” e “Wish You Well” e encerrar uma boa prestação na Galiza.

Enquanto Tremonti animava o Palco Principal, o Palco Chaos era inundado pelo rock de Sugus. A banda madrilenha chegava ao norte do país com o seu último trabalho de estúdio, “1995”, e perante poucas dezenas de curiosos tentou contrariar a inércia da plateia. Destaque para “Actitud”, “Alambrada” e “Fire”, que mostrou uma banda versátil, que canta bem tanto em castelhano como em inglês, mas que ficou algo perdida no cartaz.

Para os amantes das sonoridades mais pesadas, a banda de grindcore finlandesa Rotten Sound não é nome estranho. No Palco Ritual o mosh tomou conta da plateia, que respondia ao som ultra agressivo que vinha do palco com enorme energia e intensidade.

E se nos dois dias anteriores, os grandes vencedores tinham sido nomes fora do estatuto de cabeças de cartaz, também no dia de encerramento do Resurrection Fest 2018 isso veio a acontecer. Mal soaram as sirenes no Palco Principal, uma multidão enorme fez corrida rápida até à frente. Estava na hora de receber Frank Carter & The Rattlesnakes. O britânico, conhecido pelo seu antigo projecto Gallows, é uma bomba de energia, e Viveiro deliciou-se com a sua prestação.  Em três anos de projecto, dois discos de originais muito bem recebidos pela crítica (“Blossom” de 2015 e “Modern Ruin” de 2017), e um show ao vivo de fazer corar de inveja os mais experientes. Desde caminhar sobre os ombros do público, até fazer o pino no meio da plateia, saltos enormes e incitamento ao público non stop, Carter é um showman de mão cheia. Mas é também um homem atento à actualidade, dedicando “Wild Flower” às mulheres presentes, exigindo respeito e segurança, e pedindo que todos os homens na plateia as ajudassem a fazer crowd surfing. O final apoteótico com “I Hate You”, que pediu que todos dedicassem ao pior inimigo, deixou água na boca e vontade de mais.

Depois de prestações energéticas de Oceans Ate Alaska e Frank Carter, os Stray From The Path fizeram questão que essa energia não se apagasse. 
A banda de hardcore tocou para um Palco Chaos repleto mas não cheio, com uma plateia manifestamente jovem, o público que cada vez mais vibra com as diversas subvariantes do hardcore tradicional. Com uma importante mensagem de união das comunidades metalica, punk e hardcore, foi pena os escassos trinta minutos que estiveram em cima de palco. O francês Gautier Serre, sob pseudónimo Igorrr, tentou agarrar o público junto ao Palco Ritual mas todos queriam ocupar lugar para assistir ao espectáculos dos Prophets of Rage. 


O supergrupo que reúne Tom Morello, Brad Wilk e Tim Commerford dos Rage Against The Machine, Chuck D e DJ Lord dos Public Enemy e B-Real dos Cypress Hill estão em plena forma, fazendo desta actuação mais um manifesto político anti-Trump. Entram em palco vestidos de vermelho e negro, de punho cerrado e levantado, ao estilo dos atletas olímpicos norte-americanos nos Jogos de Munique, e arrancam com “Prophets Of Rage”, gerando uma movimentação na plateia esgotada que nunca mais terminou até final da hora de concerto. Tom Morello deliciou a plateia tocando com os dentes, com os dedos ou sem nada, enquanto em palco desfilavam exitos da banda mas também de todas as bandas de onde são originários. “Fight The Power” dos Public Enemy faz com que milhares de pessoas saltem ao mesmo tempo, dando início a uma parte do concerto dominada pelo rap, com “Hold The Fire”, “Insane In The Brain”, “Bring The noise”, “I Ain’t Goin’ Out Like That” e “Welcome to the Terrordome”. “Living on the 110” faz regressar o rock, que com “Bullet In The Head” dos RATM deixa doido o público. “Jump Around” (dos House Of Pain), “Sleep Now In The Fire” e “Bulls On Parade” incendeiam o Resurrection Fest. Obviamente que faltava uma música, a mais famosa de todas, e escolhida para encerrar o concerto. “Killing In The Name” rebenta no PA e aparece um louco Frank Carter a fazer de Zack dela Rocha, a encerrar a faixa com um enorme mergulho para o público. Que brutalidade! Que performance!

Enquanto os Prophets of Rage desfilavam clássico atrás de clássico, no Palco Chaos actuavam os Authority Zero. O punk-reggae da banda de Arizona fez muitos dançar ao redor da tenda, com a banda a desfilar temas com apenas alguns segundos de intervalo. Com vinte anos de estrada, os norte-americanos trazem na bagagem sete discos, sendo o mais recente “Broadcasting to the Nations”, que teve maior impacto no alinhamento.

Imediatamente antes da actuação mais esperada da noite, a dos Kiss, e enquanto o palco era apetrechado de diversas valências, o Palco Ritual recebia o deathcore dos Thy Art Is Murder. Uma das bandas mais relevantes do género, estavam de regresso a Viveiro, desta vez com CJ McMahon nas vozes. Entre o grindcore e o death metal, ainda tempo para uma versão de “Du Hast” dos Rammstein, com a presença de dezenas de crianças do espaço Resu Kids aos saltos em palco.

Dezenas de milhares de pessoas foram enchendo a plateia frente ao Palco Principal para receber o grande nome do Resurrection Fest, os norte-americanos Kiss. Goste-se ou não do som da banda, discuta-se ou não a sua fraca capacidade musical, o facto é que a banda de Paul Stanley e Gene Simmons são um espectáculo. Espectáculo que começou com um pano gigante com o logo da banda a cair em frente ao palco e a banda a descer de elevador até ao palco, atacando de imediato “Deuce” e “Shout it Out Loud”. Com um alinhamento em tudo semelhante a todos os concertos desta tournée europeia, Lisboa incluído, foram desfiando os seus êxitos perante uma plateia que misturava pessoas de meia idade (ou mais) com crianças ao colo de seus pais. “Rock and Roll all Nite”, “Love Gun”, “Lick It Up” ou ”I Was Made For Lovin’ You”, foram recebidos a plenos pulmões. A voz de Paul Stanley denotava cinco concertos em apenas uma semana, mas nunca se poderá apontar falta de energia, nem a ele nem a Simmons, Eric Singer ou Tommy Thayer. Explosões, fogo, fumo, papelinhos, tudo junto num concerto que é um Greatest Hits e uma celebração do franchise Kiss. E no final, “Detroit Rock City” e Rock and Roll All Nite”, para fechar em apoteose o Resurrection Fest 2018.


Só que não! Realmente, após o final do concerto dos Kiss, a debandada foi quase geral, mas junto ao palco secundário ficaram ainda cerca de 5 mil pessoas, que apesar da hora tardia (já passava das duas da manhã), quiseram testemunhar a passagem por Viveiro dos Exodus. Antes porém, ainda estavam os Alestorm, que traziam até Viveiro o seu galeão de piratas e as suas músicas alegres. Começam forte com “Keelhauled”, seguida de “No Grave But The Sea”, tema do último disco de originais, e “Mexico”. Com a sua ironia habitual brincam constantemente com a plateia, perguntando se gostam de baladas antes de tocarem “Nancy The TabeKarsiyaka Resultados em Directo, Live Score, Agendados, Sanliurfaspor - Karsiyaka em direto | Futebol, Turquiarn Whench”. Do alinhamento fez ainda parte “Drink”, “The Sunk’n Norwegian” ou “Captain Morgan’s Revenge”, durante a qual um pato insuflável gigante navega pela plateia. A versão de “Hangover” de Taio Cruz é sempre ponto alto e o final foi com “Fucked With an Anchor”.

O encerramento do Palco Ritual foi ao som dos Exodus, que chegam ao festival depois de uma digressão de 31 datas. A banda da Bay Area de San Francisco escolheu os clássicos para a última data antes de regressar a casa, focando a sua actuação em “Bounded By Blood”, do já distante ano de 1985. Gary Holt é um gigante na guitarra e Steve ‘Zetro’ Souza soube demolir o que ainda estava em pé no recinto do Resurrection Fest, com temas como “Parasite” ou “Blood In, Blood Out”, que encerrou o Palco Ritual até para o ano.

A honra de encerrar a edição de 2018 do Resurrection Fest coube a um colectivo português, a banda de tributo aos Linkin Park, Hybrid Park, que animou os resistentes até às quatro da manhã com todos os clássicos da banda de Mike Shinoda e do falecido Chester Bennington.


Texto e fotografias por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Resurrection