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Sun O))) - “Life Metal” Review


O mais recente álbum dos Sun 0))) apresenta o duo de Stephen O’Mailley e Greg Anderson reforçado pelo teclista T.O.S. e o baixista Tim Midyett, assim como Hildur Guðnadóttir noutros instrumentos, incluindo a voz e halldorophone; quebrando a habitual formação de duo complementada com músicos convidados em temas pontuais. 

No entanto, essa diferença de formação não se nota de forma imediata no tema de abertura “Between Sleipnir’s Breaths” que mantém o drone de guitarras durante quatro minutos e meio antes de entrar a voz de Hildur Guðnadóttir numa breve récita oprimida pela parede de som distorcido. Com efeito, esta combinação de sonoridades parece invocar um filme de terror, onde uma prece é invocada num espaço onde está rodeada de um ambiente ameaçador (cada verso ao terminar tem como resposta um som cortante de guitarra distorcida como que uma resposta da escuridão face à luz trazida pela voz).

Com “Troubled Air”, os teclados começam a evidenciar (nomeadamente o órgão tocado por Anthony Pateras), assim como os apontamentos do instrumento de percussão, crotales (cortesia do baixista Tim Midyett). As camadas de som distorcido de guitarras vão sendo “furadas” por estes instrumentos, pontualmente, mas continuam a ser o ponto central do tema.

Ao terceiro tema, “Aurora”, cujo início parece invocar o nascer do sol (o titulo é deveras adequado), sendo que a opressão sonora se mantém, apesar da luz refletida no início. O último e mais longo tema, “Novae”, apresenta-se como um diálogo entre as duas guitarras em que parecem trocar riffs, um diálogo que absorve e prende a atenção do ouvinte ao longo da sua duração, sendo que o violoncelo de Hildur Guðnadóttir surge como que de surpresa mais para o final do tema.

Ao final de pouco mais de uma hora, “Life Metal” é um disco denso e bem conseguido que, apesar do drone repetitivo ser invocativo da sonoridade minimal repetitiva de Phillip Glass ou do drone rock dos Earth, mantém intacta a assinatura sonora dos Sunn O))). Trata-se de um disco coeso, mas denso, que requer várias audições para que se possa apreciar as suas nuances, nomeadamente ao nível de instrumentação. No contexto da discografia dos Sunn O))) recomenda-se como um dos seus pontos altos, e igualmente, mais acessíveis a novos ouvintes que ainda não conheçam o trabalho desta banda.

Nota: 7/10

Review por Raúl Avelar