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Reportagem: Tarja, Temperance e Serpentyne @ Sala Tejo, Lisboa – 07/02/2020


Noite recheada de grandes vocalistas. Os apreciadores de metal sinfónico tinham razão para estarem satisfeitos pois o concerto da diva Tarja Turunen trouxe até nós, nesta noite, duas grandes bandas do género, uma inglesa, outra italiana, que faziam a sua estreia no nosso país. É já habitual a finlandesa fazer-se acompanhar nas suas tournées por nomes com algum prestígio, mas desta vez esmerou-se.

Às 20h30 em ponto os Serpentyne subiram ao palco para começarem a sua atuação. No início podíamos contar cinco elementos em cima do palco, mas foi apenas no primeiro tema, pois logo no seguinte se juntou a eles um outro, este tocando gaita de foles. A música destes britânicos tem muito de celta e folk e a voz de Maggiebeth Sand, não sendo certamente das mais fortes desta noite, era sem dúvida a mais original. O mais recente álbum da banda, Angels of the Night, foi alvo de destaque na sua atuação e o tema que lhe dá nome, muito aplaudido. A custo, conseguiram-se apresentar em português, o que foi do agrado do público presente que por essa altura ocupava já mais de meia casa. Curiosamente foi uma música instrumental a que colheu mais aplausos da audiência. “Morrighan´s Jig”, com a vocalista a entregar-se a uma flauta durante este tema. Existia alguma expetativa sobre se os Serpentyne iriam interpretar a sua versão do tema da série “Game of Thrones”, mas não foi desta.

Seguiram-se os Temperance, que são aquele género de banda que explora a combinação entre a voz feminina e a masculina. Teriam então de ter dois vocalistas, era o que parecia durante o primeiro tema e quem não os conhecesse poderia pensar assim, mas ao segundo tema “We Are Free”, para surpresa de alguns, o guitarrista Marco Pastorino começou a cantar e mostrou que é mais que um excelente guitarrista, pois possui também uma poderosa voz. Podem pensar que talvez seja muita gente a cantar, mas o que é certo é que o resultado final é muito positivo e agradou a quem assistiu. Lançado há pouco mais de um mês, não é de estranhar que tenha sido o álbum Viridian a fornecer mais temas para a atuação destes italianos nesta noite. Especial destaque para “I Am the Fire”, que pareceu colher mais aplausos, num leque de canções, todas elas muito boas composições. Som muito preenchido por um sintetizador (embora não estivesse ninguém em palco encarregue desse instrumento), muita entrega, muita simpatia, sempre a puxarem pelo público, os Temperance deixaram muito boa impressão nesta sua primeira passagem pelo nosso país.

Quarta atuação em nome próprio desta extraordinária vocalista em Portugal, a primeira fora da Aula Magna. Quem acompanhou as suas anteriores visitas pode confirmar que a qualidade dos músicos que a acompanham tem melhorado. Já não tem Mike Terrana na bateria, é verdade, mas de uma forma geral, são todos excelentes músicos. Também os álbuns que tem lançado lhe fornecem sempre uma mão cheia de grandes malhas, que se encaixam perfeitamente na sua setlist. É o caso deste In the Raw, lançado no passado ano e de onde foi retirado o primeiro tema da noite “Serene”. É também inegável que existe em Portugal um público muito fiel a Tarja Turunen. Se a Sala Tejo não esgotou, pouco deve ter faltado e ela aproveitou para agradecer a todos logo após o primeiro tema. “Anteroom of Death” foi a primeira música a fazer toda a assistência soltar-se. É daqueles temas obrigatórios nos seus espetáculos, tal como “Falling Awake” que antecedeu uma visita (única esta noite) aos tempos dos Nightwish, para tocar o tema “Planet Hell”, mas antes, houve lugar a um instrumental interpretado por todos os elementos da banda enquanto Tarja saía para a primeira troca de indumentaria.
Depois foi a vez de ficar ela sozinha em palco, apenas com o seu piano, para interpretar “You and I” num momento que foi simplesmente mágico. Seguiu-se, nova visita a The Shadow Self para tocar “Undertaker” e se despedir em grande estilo, após o tema “Victim of Ritual”.
Ninguém arredou pé, havia ainda algumas “pérolas” que ainda não tinham sido tocadas nesta noite e todos sabiam disso. Passado pouco tempo, os elementos da banda foram voltando um a um e de seguida surgiu Tarja, com nova vestimenta, para o encore que foi feito com os temas “Innocence”, “I Walk Alone” e “Dead Promises”. Após todos os elementos da banda terem sido por ela apresentados, foi a vez de “Until My Last Breathe”, tema que encerraria definitivamente o seu espetáculo.

Terminado o concerto, pudemos ver uma comovida Tarja Turunen que se deixou ficar em palco, mesmo quando já todos os restantes músicos tinham saído e as luzes se terem acendido, como se quisesse despedir-se devidamente de todos os fãs. Quase duas horas de espetáculo e mesmo assim, todos queriam mais. Dizer que o concerto desta noite foi muito bom é quase um pleonasmo, ela não os sabe fazer de outra forma.


Texto: António Rodrigues
Fotografia por Hugo Rebelo
Agradecimentos: Prime Artists