About Me

Isengard - "Varjevndogn" Review

Isengard, o projeto a solo de Fenriz dos Darkthrone, não fazia lançamentos há muitos anos, e com efeito, o isolamento proporcionado pela pandemia permitiu a que o músico revisitasse temas que tinha na gaveta há décadas. A introdução ”Cult Metal” surge apenas como uma preparação meio-séria, meio-brincadeira, para o tema seguinte, “Dragon Fly”, com a voz de Fenriz exagerada, com efeitos, acompanhada por uma instrumentalização sólida, especialmente na bateria, mas com uma produção crua demais, com a guitarra solo quase enterrada na mistura.

“Floating with the acient tide” é um tema mais hard rock americano que black metal, ao contrário do tema precedente, onde o riff principal é muito bem conseguido e as várias guitarras conseguem um efeito interessante. Sendo Fenriz baterista, faz com que este seja o instrumento que mais sobressai no geral do disco, e o mais interessante de ouvir. Em “The Fright” e “Slash at the Sun”, o baixo ganha uma presença maior que nos demais temas o que ajuda a encher o vazio que se sente por exemplo “Dragon Fly”; sendo que em “The Fright” mais um tema mais blues rock, ainda que com vozes exageradamente teatrais.
“A Shape in the Dark” continua com a mesma sonoridade com excelentes riffs na veia de Satyricon, mas, estranhamente, acaba abruptamente. “Slash at the Sun” relembra “Iron Man” dos Black Sabbath, com a voz num registo mais simples e eficaz a lembrar Billy Gibbons dos ZZ Top. A simplicidade mantém-se em “Rockemillion”, só que mais punk-hardcore.

O disco em si é coeso em termos de género mantendo-se num registo hard rock, mas com problemas em termos de sonoridade, havendo muitas oscilações em termos dos instrumentos, com alguns temas com as guitarras mais presentes, noutros o baixo, noutros a bateria (a voz parece ser a mais equilibrada ao longo do disco em termos de mistura). Um dos pontos altos é a variação entre sub-géneros do metal e rock, desde o blues-rock de “The Fright” ao doom de “The Light” ou fusão em “The Solar Winds Mantra”.

No entanto, dada a fraca qualidade sonora em termos de mistura, e a inconsistência na execução de cada tema, alguns de grande qualidade (“The Light”), confrontando-se com outros temas mais fracos (“Dragon Fly”), torna-se mais recomendável revistar outros trabalhos de Fenriz nomeadamente os três álbuns mais recentes dos Darkthrone. 

Nota: 6/10

Review por Raúl Avelar