Para além de uma larga experiência no mundo das TI e da análise de dados, Drage cria este recente grupo como veículo para o seu romance, criando um álbum conceptual de riqueza narrativa bastante complexa. Realmente, não se duvida da dedicação de Drage no seu trabalho, vendo que reuniu os melhores músicos australianos para este The Dark Horde, para criar “The Calling”, um longa-duração que se centra em Henry, um personagem atormentado por pensamentos obscuros e representativo de uma sociedade que falha na sua salvação.
“The Calling” é o lançamento mais recente dos australianos de Melbourne. The Dark Horde é o bebé de Andrew Drage que escolheu o pseudónimo ‘Brewin’’ para as suas aventuras na ficção científica, no mundo dos jogos de fantasia e horror, bem como para o romance que batiza este supergrupo.
As doze faixas transportam-nos para um mundo à parte, com heavy metal imperioso e dominante, com a intrigante voz de Danny Cecati e narração de Kevin Powe. Como ‘encenador’ deste supergrupo, esta prequela funciona como um todo de forma tremenda, com uma preparação para aquele que é a narrativa de “The Dark Horde”, o livro. Estruturalmente, o mundo criado resulta muito bem, com instrumentais e composições envolventes e dinâmicas, sem nunca se prender em demasia a um preconceito literário na sua narrativa. No entanto, as constantes narrações, sobretudo nas primeiras quatro/cinco faixas do álbum, acabam por emperrar a fluidez sonora de um disco que poderia ser muito melhor sem as constantes narrações, que o tornam embaraçoso e aborrecido nesses momentos. A sensação que se cria com tais narrações é a de uma narrativa que não transmite a verdadeira ideia ao longo do álbum, coisa que não é verdadeira, pois o conceito consegue ser entendido com as letras elucidativas e cruas, bem como por um instrumental estonteante e poderoso, com uma velocidade incomum num álbum que é realmente de heavy metal.
“The Calling” conta com produção sueca e artistas australianos e internacionais. É um bom álbum conceptual, um daqueles que envolve o ouvinte, sendo também uma bela extensão para a história literária criada por Brewin’.
Nota: 8/10
Review por João Braga
