
Após o breve interlúdio Giorno Del Giudizio, o excelente riff inicial de Colours Of Chaos é logo uma chapada para quem tem a infeliz pretensão de ouvir o disco como qualquer tipo de música de fundo, e o consequente desenvolvimento do tema em nada lhe fica atrás, com destaque para os versos iniciais bem agressivos e um refrão marcante. Embora os teclados estejam sempre presentes, o peso que os Lanfear dão aos seus temas é por demais evidente, com as guitarras, pesadas como se quer, bem à frente na mistura. E quando se tem uma secção rítmica capaz de constantes alterações de tempo, então prevalece a certeza de que monotonia não será algo a encontrar em This Harmonic Consonance.
Se instrumentalmente a coisa já está bem oleada, então vocalmente não deixa de ser menos surpreendente, pois Nuno Fernandes mostra-se um vocalista mais do que capaz, e pródigo em brindar-nos com vários tipos de timbres e estados de espirito, desde o desespero e raiva de Camera Silens, passando por ocasionais berros mais agudos, ou mesmo um registo mais suave e sereno quando a musica assim o exige. É que os Lanfear mesmo quando acalmam, não deixam de ser menos interessantes, como nos interlúdios de Idiopathic Discreation, ou no intenso Words Not Spoken, a mostrar que nem é preciso grande distorção para escrever um tema carregado de emoções negativas, algo omnipresente tanto na aura como nas letras ao longo deste disco.
No fundo This Harmonic Consonance é uma álbum recheado de pormenores a serem descobertos com bastantes audições, com o bónus dos temas também não se estendem em demasia, sendo que apenas Idiopathic Discreation ultrapassa a barreira dos sete minutos. Não será mesmo descabido dizer que este é o disco ideal para quem não gosta de power metal e/ou não tem paciência para os exibicionismos do prog.
E com isto resta saber, por quanto tempo teremos que esperar por mais uma pérola destes alemães? É que se o segredo desta qualidade for mesmo a espera, então há quem não se importe de o fazer sentado com um sorriso nos lábios.
Nota: 8.8/10
Review por António Salazar Antunes