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To-Mera - "Exile" Review


Este é um daqueles casos de uma banda que decididamente não lucrou em nada com o rótulo a que foi associada (Female Fronted Metal Scene), ainda que provavelmente contra a vontade dos seus integrantes. A verdade é que pese em conta o tipo de composição, e a destreza dos seus músicos, coloca-los no mesmo barco que os Within Temptation ou Nightwish, teria tanta lógica como colocar os Cradle of Filth no mesmo que os Anaal Nathrakh, embora em ambas as comparações possa haver um ou outro ponto de convergência claro está.

Vai daí que mesmo munidos de um arsenal impressionante de argumentos, aparentemente não conseguem convencer a generalidade dos amantes do progressivo, que franzem o sobrolho face à existência de uma carinha laroca a empregar a sua doce voz às composições, que por seu lado se revelam demasiado complexas para quem está à espera do imediatismo das bandas atrás mencionadas.

Exile, o seu terceiro trabalho de longa duração, parece não ser ainda o disco que irá mudar este panorama, até porque a formula continua sensivelmente a mesma. Como tal preparem-se para um álbum com longos temas, e onde muita coisa acontece, sem que desta vez haja um Blood, para nos dar um ponto de partida menos exigente para a exaustiva viagem que se segue. Exile, mostra-nos a maneira tão natural como os To-Mera transportam para as suas composições, todas as influências necessárias para atingir os diferentes piques de intensidade que os seus músicos idealizaram. Porque no fundo é isso mesmo que acaba por ser o grande bónus dos To-Mera. Não é o conseguirem debitar escalas de guitarra eximiamente, ou numa única faixa fazerem convergir partes acústicas, speed metal e bossa nova, é sim o serem capazes de agrupar os diferentes andamentos de forma a suscitar emoções no ouvinte.

Decerto que quando a música é sombria como é o caso, por norma torna-se mais fácil, e ouvir por exemplo a introdução de The Descent é meio caminho para ficar com arrepios na espinha, muito devido ao uso do violino, cortesia da convidada especial Marcela Bovio (Stream Of Passion). Curiosidade também para as vozes ásperas nessa faixa terem ficado ao cargo de um fã da banda, resultado de um concurso organizado pelos próprios. De referir ainda, que apenas e só nesse tema, esse tipo de vocalizações é usado, pois mesmo quando a banda resvala para sonoridades mais pesadas, é sempre com a cristalina voz de Julie Kiss, que pese embora o seu talento notório, naquilo que é a essência dos To-Mera, funciona apenas como mais um instrumento, sem quaisquer pretensões de chamar a si o protagonismo.

Por entre divagações jazzísticas, blast beats, metal gótico e progressivo, e sabe-se lá mais o que, Exile vai revelando gradualmente a sua qualidade intrínseca, e a certeza de que esta banda poderia ser bem “maior” do que aquilo que é. Há quem os acuse de falta de rumo, há quem lhes chame demasiado virtuosos,porem há quem lhes chame incompreendidos também.

Nota: 8.9/10

Review por António Salazar Antunes