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Soundgarden - "King Animal" Review


“I’ve been away for too long” entoam as sagradas cordas vocais da garganta de Chris Cornell, no refrão do tema que abre King Animal, o 6º de originais dos Soundgarden. E nós abanamos a cabeça afirmativamente, afinal de contas, há 4 anos quem pensava que alguma vez um sexto disco de Soundgarden veria a luz do dia?

Ficou sempre um sabor agridoce pela banda ter (aparentemente) acabado uma brilhante carreira com um disco como Down On The Upside, que embora não sendo propriamente um falhanço, mostrava um lado demasiado polido e comercial dos Soundgarden, que ficou longe de agradar a toda a gente. Felizmente que após a reunião de 2010, Chris Cornell e companhia anunciam a gravação de um novo álbum de originais, ainda por cima com a formação clássica, para gáudio dos seus fãs. Como tal, dizer que este disco era esperado, é no mínimo um eufemismo.

E aqui está ele, com um título a demonstrar majestade e sujidade, alguns dos grandes atributos da banda de Seattle. As expectativas estão altíssimas, e ao ouvir o dito tema inicial, ressaltam logo duas coisas, a potência das guitarras Zeppelinescas de Kim Thayl e a voz de Chris Cornell, e acima de tudo a vontade e entrosamento da banda. Non-State Actor e By Crooked Steps, mostram a dissonância e sludge que fez milhares se apaixonarem por Badmotorfinger, confirmando que os Soundgarden estão em excelente forma, reforçando cada vez mais a ideia de que King Animal é mesmo disco para fazer jus ao pequeno, mas histórico legado da banda.

Quando as notas de Tairee e Bones of Bird, um dos melhores temas que a banda já compôs, surgem, é impossível não ter recordações das emoções sentidas quando se ouviu pela primeira vez, a introspecção de temas como Fell On Black Dies ou Mind Riot, com aquele cheiro tão anos 90, de uma década que teve tanto de depressiva como de fantástica. Por outro lado Black Saturday apresenta-se como uma bela surpresa, com um interessante cheirinho country, e um daqueles solos, simples mas incrivelmente eficazes.

Decididamente, King Animal vem mais uma vez provar que os Soundgarden sempre viveram num mundo à parte, estabelecendo as suas próprias regras, com o maestro Matt Cameron a brincar com ritmos, como se fosse a coisa mais fácil do mundo, sem precisar de ser exuberante ou espalhafatoso, para nos impingir aquele “que raio se passou aqui?”, quase que brincando com a lógica natural das coisas. As vezes bastam uma simples e rápida derivação.

E no fim das contas temos mais um excelente disco de Soundgarden, para ir desbravando aos poucos, e esperar que atrás deste venham mais. De repente voltamos a ter três grandes nomes do grunge no activo, cada um deles em excelente forma…seria uma pena que o mundo acabasse em 2012 não seria?

Nota: 9/10

Review por António Salazar Antunes