About Me

Altar Of Plagues - "Teethed Glory And Injury" Review


Quem já esteja familiarizado com o calibre dos irlandeses Altar Of Plagues a primeira coisa que irá estranhar ao ver a tracklist de “Teethed Glory And Injury” é a duração média de 4-5 minutos dos temas, o que, numa banda que está habituada a entregar aos ouvintes músicas com mais de 12 minutos, lança logo para o ar a possibilidade de uma drástica mudança na sonoridade. Digo já que tal não é o caso. 

É bem verdade que “Teethed Glory And Injury” é bem diferente de “Mammal” e “White Tomb”, mas a atmosfera profusamente negra e o black metal muito próprio destes senhores está cá todo com um arsenal de temas carregados de intensidade, apesar da duração muito mais reduzida que o habitual. Não quero comparar o peso da já conhecida “God Alone” (quando vi o vídeo pela primeira vez, julguei que fosse ver um teaser do novo álbum por durar “apenas” 4 minutos e meio), com a grandiosidade de “Neptune Is Dead”; ambas são canções bastante boas mas uma foi feita para durar 18 minutos e outra 4 minutos e meio, ou seja, os Altar Of Plagues moldaram a sua sonoridade consoante aquilo que desejaram, não deixando nada de fora.

E assim o álbum entra de forma imponente e solene com “Mills” que funciona como o início da hipnose necessária para a nova reflexão que os Altar Of Plagues nos oferecem. Com as vocalizações de Dave Condon e James Kelly a atingirem autênticos picos de angústia (no bom sentido) em “Burnt Year” e na verdadeiramente épica “A Remedy And A Fever”, criando um efeito de plena desolação nos primeiros momentos deste tema em que a voz é apenas acompanhada por bateria; e quando optam por voz limpa, por vezes chega a assemelhar-se ao tom etéreo de John Haughm, dos Agalloch, como no final de “Scald Scar Of Water”. Pode-se dizer que a qualidade dos temas de “Teethed Glory And Injury” é da melhor que os Altar Of Plagues nos podem dar, contudo “Twelve Was Ruin” era bem capaz de beneficiar se a banda a tivesse alongado, e “Found, Oval And Final” soa um tanto “despida” e algo me diz que o grupo de Cork podia ter dado um pouco mais de consistência ao tema.

Como os seus predecessores, “Teethed Glory And Injury” é um álbum imersível que contribui para cimentar o estatuto dos Altar Of Plagues, os quais, ao contrário do disco anterior, correram o risco de encaixar o seu som num molde que possibilitasse uma maior variedade de temas e um corte na longevidade dos mesmos sem perderem a sua personalidade e, sobretudo, a qualidade que torna este grupo um dos grandes bastiões do metal europeu.

Nota: 9/10

Review por Tiago Neves