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Entrevista aos Leaves' Eyes


Liv Kristine, uma das vocalistas mais “antigas” nestas andanças do metal, começou por nos maravilhar com os seus dotes vocais ao lado dos Theatre of Tragedy, banda que abandonou em 2003. Nessa altura, a arte e amor pela música falaram mais alto e formou os Leaves’ Eyes, juntamente com o seu marido, Alex Krull, vocalista dos alemães Atrocity. Ao longo destes dez anos, os Leaves’ Eyes têm sido mundialmente aclamados e preparam-se para voltar à ribalta com a edição do seu novo álbum “Symphonies of the Night”. A simpática Liv conversou com a Metal Imperium sobre a mais recente obra prima que será editada em breve pela Napalm Records.



M.I. – És o membro fundador dos Leaves’ Eyes e o nome está relacionado com o teu próprio nome. Porque decidiste criar este projecto?

Já passaram dez anos e lançámos cinco álbuns! Sinto-me muito confortável no ponto onde eu e a banda estamos. Nós temos já vinte anos de experiência em estúdio e em tournée. O momento mais emocionante foi em 2003 quando fui forçada a abandonar os Theatre of Tragedy, banda da qual era um dos membros fundadores. Depois fundei os Leaves’ Eyes com o meu marido e produtor, Alexander Krull. Composemos e gravamos o nosso primeiro álbum “Lovelorn”, e o nosso filho Leon Alexander nasceu nesse mesmo ano no dia 18 de dezembro, umas horas depois de ter gravado o último tema para o álbum. Para mim, esse foi o melhor dia da minha vida. Para além dos Leaves’ Eyes, desde 1998 que tenho lançado álbuns a solo e mais estão para vir. A ideia do nome foi do meu marido, já que a palavra “Leave” é homófona do meu primeiro nome “Liv”.


M.I. - O line up da banda é integrado por alguns elementos dos Atrocity, que é a banda do teu marido… será que esta banda é fruto do vosso amor um pelo outro e pela música?

Claro que sim! Estou grata por ter o apoio dos meus amigos! Somos uma grande família com algo em comum: o amor pela arte. Eu tenho cantado toda a minha vida pois nasci com uma audição especial e boas cordas vocais… um presente natural maravilhoso!


M.I. – Como é trabalhar com o teu marido Alex Krull? As vossas ideias nãoi chocam?

Somos ambos perfecionistas e muito teimosos e, claro que, por vezes, discutimos. Contudo, o meu marido tem a capacidade de me levar para além dos meus limites e é precisamente isso que eu preciso quando estou em frente aos microfones. O Alex é o melhor produtor com quem já trabalhei e já trabalhei com muitos. Ele tem um enorme conhecimento do estúdio e da gravação e é um perfecionista absoluto. Ele nunca termina uma gravação enquanto não estiver tudo a 110%.


M.I. – Na página oficial da banda, lê-se que “em 2013 uma banda excepcionalmente talentosa lançará “Symphonies of the Night” e irá reclamar novamente um lugar de destaque que os colocará nos píncaros do género rock/metal sinfónico. Com “Symphonies of the Night” os Leaves’ Eyes iniciam um novo capítulo no mundo da música, contando histórias encantadoras de heroínas históricas”. O que torna o novo álbum tão especial?

Tal como já referi anteriormente, festejamos o nosso décimo aniversário, o que torna “Symphonies of the Night” muito especial. Estamos ansiosos pelo lançamento desse álbum que tem raízes nas produções "Meredead" e "Njord", mas é um impressionante novo passo na história dos Leaves’ Eyes. “Symphonies of the Night” é mais pesado e poderoso do que os álbuns anteriores.  Por exemplo, o tema "Hell to the Heavens" é forte, duro mas tem a capacidade de captar a atenção do público para este álbum interessante, sólido e inovador que reúne 10 anos da história, dedicação e experiência dos Leaves’ Eyes.


M.I. – A Liv é a principal letrista… o que te inspirou para escrever este álbum? Qual o conceito em que te baseaste?

As letras do álbum envolvem heroínas dos livros de histórias e sagas. Não foi planeado mas, depois de ter escrito as letras para "Ophelia" e "Saint Cecelia", concluí que era este o caminho a seguir.


M.I. – Porque é que alguns dos temas do álbum têm como título nomes de mulheres?

Sempre me inspirei em personagens femininas de histórias, especialmente bruxas, guerreiras e mulheres que sofreram a influência do poder masculino ou religioso e foram vítimas de tragédias, homicídios e maus tratos. Para ser sincera, alguns dos melhores temas que já li e cantei fazem parte do álbum “Aegis” dos Theatre of Tragedy. O Raymond fez um trabalho fabuloso nesse álbum. Uma das “senhoras” que me inspirou artisticamente, desde os tempos em que era uma jovem estudante de Línguas, foi Ophelia, que é uma das principais personagens de Hamlet, do Shakespeare. Ela é uma linda jovem por quem Hamlet se apaixona. Ophelia é uma menina inocente e doce que obedece ao seu pai Polonius e ao irmão Laerte. Dependente dos homens que lhe dizem como se comportar, ela cai nos esquemas do pai para espiar Hamlet. Mesmo quando cede à loucura e à morte, ela continua a cantar sobre flores até que se afoga no rio rodeada por flores por si recolhidas. 



M.I. - A tua irmã Carmen Elise Espenæs canta na faixa extra “Eileen’s Ardency”. Porquê ela? A família parece ser extremamente importante para ti!


Sem dúvida! A família é a minha prioridade número um! Sim, a minha irmã ficou em minha casa enquanto gravava o álbum com a sua banda Savn. Mostrei-lhe a canção e ela adorou-a! Fiquei extremamente contente por passar tempo com a minha sobrinha Rebecca e com o meu sobrinho.


M.I. – A produção esteve a cargo de Alex Krull… sois uma banda perfecionista, daí a razão pela qual não autorizais mais nenhum produtor a aproximar-se das vossas obras de arte?!

Sim, o Alex é um mestre e permitiu-nos evoluir em termos de som. Este é um álbum muito poderoso com um som incrível e tem detalhes espectaculares para os fãs de gótico e metal folk poderem descobrir. Temos a sorte de ter o nosso estúdio de som. O Alex, Tosso e eu somos uma equipa de sonho. Em todas as produções dos álbuns de Leaves’ Eyes, partimos de um determinado ponto e depois há uma torrente de criatividade. O nosso trabalho é baseado na honestidade e confiança, pois estes aspectos são de importância vital para a banda. Para além do mais, os meus músicos são topo de gama e extremamente talentosos, cheios de vontade de desenvolver e maximizar as suas capacidades. Deixamo-nos influenciar por todo o tipo de música que apreciamos, sem pressões externas, sem obrigações. Sempre me senti imune a pressões externas. Ouço o meu coração e foco-me nas minhas capacidades.


M.I. – Praticamente todas as capas de álbuns dos Leaves’ Eyes têm uma figura feminina em destaque, sendo a Liv em muitos dos casos… porque optam por capas destas? Achas que as capas sexy vendem melhor?

Quem não gosta de apreciar uma bela mulher?! Por acaso não existe nenhum tipo de padrão nas capas. Estou muito satisfeita com esta capa e o vestido, desenhado pela empresa Struppets de Berlim, é mesmo fabuloso! O Alex e Heile, nosso amigo de longa data e artista (www.heilemania.de), são os mentores das ideias, imagens e desenho da capa. O nosso objectivo era que a capa fosse cativante, natural, mística, obscura e feminina… quer dizer, penso que tem uma pequena dose de sex appeal! ;) A capa do álbum reflecte o título e nós tentamos destacar as emoções que os sentidos evocam quando se ouve "Symphonies of the Night".


M.I. – O pacote promocional para fãs inclui um passe VIP… como surgiu esta ideia? Gostas de conhecer os fãs e as suas histórias?

Foi ideia da Napalm Records. Nós encontramos sempre os nossos fãs para lhes darmos autógrafos e tirar fotos.


M.I. – Vocês já tocaram em todo o mundo… onde estão os maiores fãs da banda? E a audiência mais louca?

Esta questão é difícil porque temos fãs em todo o mundo. Tenho de admitir que a audiência mais louca e selvagem é a da Cidade do México. Mal a banda entrou em palco e a intro começou, eles conseguiram gritar mais alto do que nós!


M.I. – Este ano marca o décimo ano da existência da banda… como têm corrido? Esperam sobreviver mais 10 anos?

A criatividade e o amor pela música são as forças motoras do nosso trabalho artístico, assim como a gratidão para com as audiências e os fãs de todo o mundo. Posso garantir que a aventura continuará por muitos anos!  A seguir à minha família, isto é a minha vida!


M.I. - O facto da banda ser constituída por músicos famosos e experientes facilitou o processo de assinar contrato com uma editora e arranjar patrocínios?

Já temos mais de vinte anos de experiência e somos cuidadosos e fiéis nas nossas relações e contactos.


M.I. – O teu ponto de vista e a tua vida mudaram por teres sido mãe? O que sentes quanto ao futuro do teu filho? 

O dia em que o meu filho nasceu foi o melhor da minha vida! A minha família é a minha prioridade e depois vem a música. Tenho a sorte de conseguir combinar as duas. O meu filho tem uma personalidade forte, como os pais, e encontrará o seu caminho tal como eu encontrei o meu. Sinto-me orgulhosa por ele já falar três línguas: alemão, norueguês e inglês.


M.I. – Tens uma relação muito próxima com a Natureza. Como é que começou? Fazes algo para tentar melhorar a natureza que te rodeia?

Eu cresci nos fiordes e nas montanhas da Noruega e sempre encontrei força na natureza. Corro diariamente, e faz-me muito bem à mente e à alma! Preocupo-me bastante com o nosso planeta e toda a minha família tem cuidado especial com a natureza nas rotinas diárias. Somos todos vegetarianos e eu, quando não ando em tournée, sou vegan.



M.I. – Nomeia alguns músicos/bandas que tiveram um impacto em ti como cantora/música. 


Ozzy, Monserrat Caballe, Madonna, Maite Itoiz e Edvard Grieg.


M.I. – Todos vocês estão envolvidos em mais do que um projecto… como organizam o tempo?

Acredita que eu sou a deusa da organização e um bom planeamento é de importância vital. Eu tenho um enorme coração artístico – preciso de ambas as bandas: Leaves’ Eyes e Liv Kristine. 


M.I. – Liv, muito obrigada pelo teu tempo. Partilha uma mensagem final com os leitores da Metal Imperium!

Obrigada por todo o amor e apoio ao longo dos anos – espero que apreciem "Symphonies of the Night"! Espero ver-vos no próximo ano!


Entrevista por Sónia Fonseca